As histórias sobre gêmeos sempre trouxeram interesse para o cinema e para a TV (os exemplos clássicos das “Mulheres de Areia”, Eva Wilma na Tupi em 1973, e Glória Pires na Globo, em 1993; “A Usurpadora”; e agora, “Um Lugar ao Sol”). No cinema, em 1946, dois filmes sobre gêmeas foram lançados simultaneamente: “Uma Vida Roubada” (“A Stolen Life”), com Bette Davis, e o outro, “Espelho D´Alma” (“The Dark Mirror”), com Olivia de Havilland, ambos versando sobre o batido tema (e na época, bem inovador) das gêmeas idênticas com personalidades diferentes. Olivia está ótima nos papéis das irmãs Ruth e Terry Collins, uma boa e a outra má, acusadas de um crime brutal que levou um homem à morte. A polícia tem certeza que foi uma delas que cometeu o assassinato, mas não tem como provar qual, pois ambas têm álibis perfeitos. Um psiquiatra é designado para auxiliar na condução do caso (Lew Ayres), e as duas acabam se apaixonando pelo médico, gerando um período de ciúme, onde a psicose de uma delas põe em risco a vida dos três: uma delas está enlouquecendo e a outra já é louca. Policial noir em ritmo de suspense do celebrado diretor Robert Siodmak.
“Carnaval adormecido”
O carnaval tem a configuração atual de uma festa pagã, abominada por muitos religiosos que condenam a diversão pura e simples da população e acreditam que fé e oração são os opostos naturais de tais folguedos. No entanto, originalmente o carnaval é uma festival do Cristianismo Ocidental que ocorre historicamente em fevereiro ou março, no chamado Tempo da Septuagésima ou pré-Quaresma. O carnaval envolvia festas públicas e desfiles circenses ou festividades de máscaras em ruas como um acontecimento que antecipava a estação litúrgica da Quaresma. O carnaval ocorre em países e regiões de grande predominância católica, embora antropologicamente já existam registros de folguedos semelhantes no Antigo Egito e Roma, como festas de suspensões temporárias das obrigações cotidianas. A paganização dos eventos ocorreu paralelamente ao crescimento da Igreja Católica ao longo da Idade Média, que tentou condenar e proibir tais festas, e que em decorrência da não obtenção de sucesso, optou por relativizar tais festividades com certa Cristianização do carnaval. Desde épocas medievais havia desfiles de Corpus Christi e também festas populares sancionadas pela Igreja em seu ano litúrgicona época pré-Quaresma. No Brasil, os primeiros registros do entrudo datam de 1533 com os hábitos portugueses sendo incorporados à colônia. De qualquer forma, o carnaval como vemos hoje de desfiles apoteóticos no Rio de Janeiro, dos blocos de rua em Salvador, e dos bailes de carnaval dos salões do interior estão distante, historicamente, mas permanecem refletindo o sentido básico do carnaval: uma festa pública que permite a perda da individualidade cotidiana e experimentar um elevado sentido de unidade social. Carnaval é História, é folclore, é brincadeira, liberdade, descontração. A tendência atual de erotização das festas e liberalidade extrema dos impulsos e desejos reprimidos são reflexos da sociedade atual. Encontramos um hiato carnavalesco há dois anos em decorrência das obrigações da pandemia. E da mesma forma medieval ainda há gente enxergando isto como punição ou castigo divino: Inquisição contemporânea.
Dica da Semana
Televisão
Atores maduros da novela “Além da Ilusão”:
A nova novela global das 18h de Alessandra Poggi traz uma bela fotografia e figurinos dos anos 40 com um elenco primoroso que contém atores experientes como Lima Duarte (Afonso Camargo), Marisa Orth (Margô Gauthier), Arlete Salles (Santa Figueiredo), Paulo Betti (Constantino), Cláudio Jaborandy (Benê), Emiliano Queiróz (Padre Romeu) e Marcelo Escorel (Geraldo).