Folia de Reis: tradição segue firme no coração dos foliões

Neste período de pandemia, com a ausência da festa nas ruas, as músicas típicas, os instrumentos e as danças deram lugar ao silêncio

VARIEDADES - WEVERSON NASCIMENTO

Data 06/01/2021
Horário 06:40
Foto: Cedida
Primos do Ribeirão Bonito mantém a tradição há mais de 40 anos em Iepê, mas hoje, não promoverá a festa
Primos do Ribeirão Bonito mantém a tradição há mais de 40 anos em Iepê, mas hoje, não promoverá a festa

Hoje, 6 de janeiro, celebra-se a Epifania do Senhor, festa que comemora a manifestação de Jesus Cristo como Messias, o filho de Deus. A data também é reconhecida popularmente como Festa de Santo Reis, ou Folia de Reis, ao relembrar a visita dos três reis magos, Melchior, Gaspar e Baltazar, ao Menino Salvador do Mundo. Tradicionalmente na região, grupos religiosos iniciam em dezembro uma série de visitas pelos lares dos fiéis e reforçam que Jesus é a luz que se acende na escuridão para iluminar todos os povos da Terra. Neste período de pandemia, com a ausência dos foliões nas ruas, as músicas típicas, os instrumentos e as danças deram lugar ao silêncio.
O Dia de Reis é celebrado em 6 de janeiro, pois segundo a tradição católica, foi nesse dia que os três reis magos encontraram Jesus. Tradicionalmente, durante 12 dias (desde 24 de dezembro, véspera do nascimento de Jesus), os foliões visitam as casas tocando músicas e dançando para celebrar o nascimento do Emanuel e o encontro com os três reis magos. Em troca, as pessoas oferecem comidas e prendas. A data marca também o momento em que as árvores, os presépios, os adornos e decorações natalinas são retirados dos lares. 
Em Ribeirão dos Índios, a tradição da Folia de Reis é mantida desde 1962 pela Associação Folia de Reis de Ribeirão dos Índios. Como de costume, durante a passagem dos foliões, os moradores os recebem e fazem suas preces na presença dos três reis magos. No entanto, neste período de pandemia, em que faz necessário o distanciamento social, foi preciso se readaptar para reforçar a fé e a esperança de dias melhores. 
No ano em que todo o mundo parou, as músicas típicas, os instrumentos e as danças deram lugar ao silêncio. No município, apenas um membro da associação levou a bandeira, que representa a “Boa Nova” do nascimento do menino Jesus, à casa dos cristãos. “Apenas um folião levou a bandeira até a casa das pessoas em silêncio. Lá ele entregava para o morador que percorria os cômodos da residência como uma benção para toda a família”, explica o presidente da associação, Donizete Magro. Todo o rito, segundo ele, foi realizado seguindo os protocolos sanitários de prevenção à Covid-19, o que incluiu o constante uso de álcool em gel na estrutura do símbolo religioso. 

Tradição religiosa

Em Iepê, o grupo Primos do Ribeirão Bonito, que mantém a tradição há mais de 40 anos, também sofreu os impactos da pandemia, além de contar anualmente com a escassez de pessoas que se dispõem a manter o rito religioso. Conforme um dos integrantes, Lúcio Braga de Oliveira Monteiro, conhecido como Lúcio Viola, neste ano não aconteceu a caminhada dos foliões e hoje não ocorrerá a tradicional Festa de Santo Reis. “Por conta da pandemia, o grupo não pôde percorrer as casas. Além disso, perdemos um integrante da família fundadora, o José Vicente de Pádua, popularmente conhecido como Zé Preto, no início de dezembro”.
A Festa de Santo Reis, além de uma tradição folclórica e cultural, envolve a religiosidade de cada cristão, explica Lúcio. “Muitos jovens não seguem mais a tradição, pois trata-se de uma festa religiosa e as pessoas têm que seguir certas doutrinas e ensinamentos” explica. No entanto, mesmo arriscada, a tradição se mantém firme no coração dos foliões. “É muito importante manter essa tradição passada pelos nossos pais. Nós temos o objetivo de mostrar como era/é o trabalho da comunidade que se une em prol de uma festa gratuita. É, sem dúvidas, um trabalho coletivo de muita união e fé”, acrescenta. 
Em Piquerobi a tradição de mais de 40 anos deixou de existir aos poucos, principalmente após o falecimento de Alcizo Gonçalves de Souza, líder da tradição, em 26 de setembro de 2019. Claudinei dos Santos, mais conhecido como Guaraná, relata que cresceu envolvido na tradição religiosa e que desde os 11 anos já fazia parte da equipe de foliões. “Sempre foi muito empolgante participar”, relembra. 

Foto: Cedida

Em Ribeirão dos Índios, apenas a bandeira percorreu os lares

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