"O que a carne herda"

DignaIdade

COLUNA - DignaIdade

Data 14/09/2021
Horário 06:00

Primeiro filme hollywoodiano de temática contra a segregação racial dos negros dirigido por Elia Kazan em 1949, “O que a carne herda” (Pinky) tem seu valor histórico. Na trama, uma jovem de descendência negra, mas com pele bem clara, Pinky (Jeanne Crain) volta para morar com a avó (Ethel Waters) no sul dos Estados Unidos, após ter se formado em Enfermagem. Lá, ela irá se deparar com a dura realidade do preconceito e fazer difíceis escolhas: seu noivo médico desconhece que ela é filha de negros, e sua avó pede para que ela cuide de uma senhora idosa (Ethel Barrymore) por uma dívida de gratidão. As coadjuvantes Waters e Barrymore foram merecidamente indicadas ao Oscar de Melhor Atriz Coadjuvante. Jeanne Crain também foi indicada, num papel muito controverso, uma vez que era muito branca para o personagem, e deveriam ter escalado outra atriz. No entanto, é interessante mostrar que a discussão racial já frequenta o cinema há mais de 70 anos. 

“Neuropatia pós-Covid”

A infecção pelo novo coronavírus tem provocado além das mortes, um grande número de sequelas pós-infecção, dentre elas, as complicações neurológicas têm sido bastante frequentes. Essas disfunções do sistema nervoso central e dos nervos periféricos podem acarretar em uma série de sintomas como: dor de cabeça persistente, perda do olfato, perda do paladar, distúrbios de memória, convulsões e fraqueza de membros inferiores com comprometimento tanto motor como de sensibilidade. Este neurotropismo (predileção do vírus pelo sistema nervoso) pode ser explicado pelas formas de disseminação do coronavírus que atingem o sistema nervoso: 1) por via hematogênica, ou seja, pela distribuição sanguínea; 2) por mecanismo imunomediado associado à resposta inflamatória sistêmica, onde a ação do próprio sistema imunológico determinaria impacto em outros órgãos; 3) por hipoxemia, onde em decorrência do comprometimento pulmonar, há menor oxigenação dos tecidos, e isto determinaria lesões nas células nervosas. 4) por ação do próprio vírus, que atingiria o sistema nervoso central pelo nervo olfatório, funcionando como sua porta de entrada. A dor crônica pós-Covid faz parte de uma nova entidade até então intitulada na literatura como síndrome da Covid prolongada ou persistente. A dor crônica seria uma resultante direta de três fatores: a lesão direta do vírus, estressores psicológicos e em consequência dos próprios cuidados à saúde na terapia intensiva. Um estudo brasileiro recente demonstrou que pacientes internados por Covid evoluíram para algum novo quadro de dor em 65% dos casos, contra 19% de pacientes internados por outras causas. As dores neuropáticas podem ser cefálicas, cervicais, lombares ou em membros inferiores e a sua duração ainda é desconhecida. As reações inflamatórias citadas não atingem apenas o sistema nervoso, mas também com intensidade os músculos, resultando aí numa somatória que contribui para fraqueza, fadiga aos pequenos esforços, dores musculares difusas. A reabilitação do paciente pós-Covid passa agora a ser uma nova meta. 

Dica da Semana

Cursos Online

População Idosa Negra, Racismo e Eurocentrismo: 
O site Portal do Envelhecimento oferece um curso online sobre a relação entre racismo e eurocentrismo e o impacto dessas ideologias sobre a população negra brasileira. O curso será às quintas feiras, das 19h às 21h em 16 e 23/09: portaldoenvelhecimento.com.br.
 

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