"Toninho on the Rocks"

DignaIdade

COLUNA - DignaIdade

Data 15/12/2021
Horário 17:28

A TV Tupi vinha de sucessos seguidos em 1970 e pretendia revolucionar com a novela “Toninho on the Rocks”, de Teixeira Filho, que seria uma nova “Beto Rockfeller” (trama de Bráulio Pedroso que fez um sucesso extraordinário com Luiz Gustavo como protagonista). Para o personagem principal de “Toninho on the Rocks” foi contratado o cantor Antônio Marcos, que interpretava um rebelde, abandonado pelos pais e criado pelos tios em um internato. Ele chegava à pequena cidade do interior Santa Cecília das Rochas com sua moto, cabelos compridos e roupas extravagantes, disposto a reencontrar seu pai e o único que sabia de sua intenção era o Padre Lírio (Raul Cortez). Ele acabava se envolvendo com a jovem Anita (Débora Duarte), filha do coronel da cidade. Curiosamente, Antônio Marcos e Débora Duarte teriam um relacionamento amoroso anos mais tarde, após a separação do cantor de Vanusa. A novela não fez sucesso e foi apressada ficando apenas três meses no ar. 

“Gente chata também fica velha”

Há uma ideia preconceituosa de generalização que a velhice deixa as pessoas mais rabugentas, inflexíveis e reclamonas. Neste estereótipo de velhice, a chatice está arraigada, deixando todos mais problemáticos e difíceis de conviver. Não é bem assim. O envelhecimento tende a nos deixar com verdades mais cristalizadas pelas experiências vividas e com menor poder de adaptação às novidades e transformações, no entanto, o que ocorre mesmo é uma sedimentação das personalidades, ficando mais evidentes traços pessoais anteriores. Comunicativos se tornam ainda mais comunicativos, pessoas serenas ficam ainda mais pacatas e gente chata se torna ainda mais insuportável. E essa acentuação da chatice se dá não apenas pelo aguçamento da personalidade, mas também por somatória de condições e vivências que vão tornando a pessoa ainda mais indócil. O acúmulo de perdas, os sinais e sintomas da velhice vão fazendo a pessoa quebrar regras sociais e passar a verbalizar reclamações e insatisfações de forma mais frequente. O discurso fica monótono e cinzento, afugentando interlocutores e taxando o reclamão de impertinente. 
Esta personalidade difícil de conviver é frequentemente encontrada em pessoas que tiveram posição de liderança no passado, quer seja familiar ou profissional, e que se acostumaram a mandar e disparar ordens e regras, e tem dificuldades de se resignar a uma posição inferior quando as fragilidades aparecem. Pessoas suaves, ou que são “de boa”, amenizam suas próprias dores, evitam conflitos interpessoais e se resignam com mais facilidade a vivências das perdas e limitações. Se o jovem rabugento já é gangorra (quando senta, todo mundo se levanta), o idoso mais ainda, porque se incorporam falas ressentidas, de cobrança, de eternas comparações com tempos anteriores, e de uma insatisfação eterna inesgotável. Por outro lado, quem convive com este tipo de idoso além de ter jogo de cintura, há necessidade de se perceber traços depressivos que podem estar agravando a situação e merecem abordagem terapêutica específica para reduzir sofrimentos e minimizar conflitos. 

Dica da Semana

CD – Música 

Antônio Marcos – “Série Autógrafos”: 
CD da Nordeste Records. 21 Eternos Sucessos do cantor Antônio Marcos (1945-1992) que faleceu precocemente aos 47 anos de problemas hepáticos, que teve seu auge na década de 1970 com canções de sua própria autoria, como “Por que Chora a Tarde” e “Como Vai Você?” e também de outros compositores como “O Homem de Nazaré” (de Cláudio Fontana). Na seleção grandes sucessos como: “Se eu Pudesse Conversar com Deus”, “Oração de um Jovem Triste”, “Eu Vou Ter Sempre Você” e “Sonhos de um Palhaço”. 
 

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