A 10ª RA (Região Administrativa) do Estado de São Paulo, cuja sede é Presidente Prudente, foi a que teve o menor crescimento em número de matrimônios, em 10 anos, em todo o Estado. Segundo dados divulgados ontem pela Fundação Seade (Sistema Estadual de Análise de Dados), por meio da ferramenta IMP (Informações dos Municípios Paulistas), a variação entre 2016 e 2006 foi de 6,3%.
A segunda região com o menor número de casamentos, Marília, apresenta o dobro registrado em Prudente e ocupa o 2º lugar no ranking de menor variação, com 12,62%. Em 3º lugar está a região de Sorocaba, com variação de 13,95%. São José dos Campos ficou com o maior número, totalizando 44,25%.
A pesquisa mostra ainda a evolução das regiões nos últimos 2 anos. Em 2016, na Região Administrativa de Presidente Prudente, foram 5.870 matrimônios, 1,69% a menos que o ano anterior, que totalizou 5.971 casamentos. Na pesquisa referente ao ano passado, Prudente está na 8ª posição com a menor taxa de matrimônios entre as regiões de todo o Estado.
De acordo com o sociólogo Wilson de Luces Fortes Machado, a queda no número de uniões é uma tendência, até mesmo de forma mundial, em que as pessoas buscam antes uma vida profissional e, em seguida, a vida pessoal. “Outro fator é a legislação, que dá os mesmos direitos às pessoas que vivem juntas ou que são casadas formalmente”, acrescenta. O sociólogo afirma ainda que os costumes influenciam neste comportamento, já que as pessoas não casadas formalmente deixaram de ser mal vistas e não há mais a obrigatoriedade de se construir uma família, como antigamente era estabelecido.
Já para o padre Rodrigo Gomes de Moreno, o primeiro fator a ser analisado é a família e o valor dado ao sacramento matrimonial. “Se percebermos uma desvalorização da união, entenderemos a crise no matrimônio”, ressalta. O religioso diz ainda que existem outros fatores que influenciam, como o desempenho profissional, já que as pessoas procuram, primeiro, a estabilidade financeira e profissional, para, em seguida, se estabelecerem como família. “Está ocorrendo o processo inverso. Acredito que a união é uma boa base para a edificação dos valores e um bom auxílio no crescimento profissional. O casamento vai além do marketing criado em cima dele, por isso precisamos trabalhar na comunidade os diferenciais de se constituir uma família”.
O pastor Luiz Abel Trindade Baldez, por sua vez, comenta que 2016 foi o ano em que ele realizou o menor número de casamentos. Luiz afirma que há muitas dúvidas em cima da construção da família e que este é um fator importante na construção dos dados apresentados pela Fundação Seade. “O casamento não é mais uma prioridade. Hoje as pessoas convivem juntas e, se não der certo, não continuam e não buscam aprimorar. O desequilíbrio em alguns setores da sociedade também é relevante na hora de analisar a queda no número de matrimônios”, comenta.
Cidades em destaque
Com 14 casamentos para cada 1 mil habitantes, em 2016, Flórida Paulista foi o município com a maior taxa de matrimônios, aponta o levantamento da Fundação Seade. A oficial de cartório, Marinês Custodio Nascimento, informa que na realidade foi um fenômeno atípico, que nunca havia ocorrido na cidade. "Eu tinha praticamente um casamento por semana e, neste ano, para se ter uma ideia, não cheguei a fazer 5 até agora", esclarece. Para ela, a pressão da religião foi o principal motivo para a oficialização da união. "A maioria dos casais já morava juntos, e apenas quis regularizar sua situação", declara.
Sandovalina ficou em segundo lugar no ranking como a cidade com a maior taxa de casamentos, totalizando 11 uniões no ano passado. Para o sociólogo Wilson de Luces, é comum que as cidades com menores números de habitantes apresentem este aumento. “Os vínculos familiares estão muito agregados na cultura rural, e eles estão juntos aos vínculos religiosos. Estes fatores influenciam nos números de uniões”, ressalta.
Casamentos nas Regiões Administrativas do Estado de São Paulo
RA | 2016 | 2015 | 2006 | Variação 2015-2016 (%) | Variação 2016-2006 (%) |
Central | 7152 | 7543 | 5288 | -5,18 | 35,25 |
Araçatuba | 5184 | 5207 | 4362 | -0,44 | 18,84 |
Barretos | 3117 | 3380 | 2338 | -7,78 | 33,32 |
Bauru | 7883 | 8250 | 6043 | -4,45 | 30,45 |
Campinas | 47778 | 49109 | 36143 | -2,71 | 32,19 |
Franca | 4619 | 4757 | 3961 | -2,9 | 16,61 |
Itapeva | 3554 | 3805 | - | -6,6 | - |
Marília | 6588 | 6721 | 5850 | -1,98 | 12,62 |
Presidente Prudente | 5870 | 5971 | 5522 | -1,69 | 6,3 |
Registro | 1963 | 1986 | 1419 | -1,16 | 38,34 |
Ribeirão Preto | 8457 | 8783 | 6867 | -3,71 | 23,15 |
Santos | 11525 | 11758 | 8661 | -1,98 | 33,07 |
São José do Rio Preto | 10546 | 10450 | 7673 | 0,92 | 37,44 |
São José dos Campos | 18634 | 18141 | 12918 | 2,72 | 44,25 |
Sorocaba | 18962 | 18885 | 16640 | 0,41 | 13,95 |
São Paulo | 134714 | 140645 | 111365 | -4,22 | 20,97 |
Fonte: Fundação Seade - IMP (Informações dos Municípios Paulistas)