31 cidades descumprem meta do Plano de Educação

Definido em junho de 2014, PNE estipulou prazo para que os munícipios conseguissem vagas para 50% das crianças em creches

REGIÃO - THIAGO MORELLO

Data 25/11/2017
Horário 11:46

A educação é um direto de todos, mas a situação complica mais quando o assunto são as vagas em creches, que sempre foram temas de reportagem, pela falta delas em unidades da região. No entanto, em 2014, foi estipulado o PNE (Plano Nacional de Educação), com intenção de obrigar os municípios a cumprirem a meta estipulada referente ao número de crianças devidamente matriculadas, que é de 50%, até 2024. No entanto, um novo sistema criado para monitorar esse posicionamento, o TC Educa, mostra que, na 10ª RA (Região Administrativa) do Estado de São Paulo, cuja sede é em Presidente Prudente, 31 das 53 cidades ainda não cumprem o requisito. Os dados são de 2016, no entanto, mostram um avanço, desde que o plano foi criado.

Prova disso é o crescimento no que diz respeito a atingir a meta. Em 2014 (veja tabela), 41 cidades estavam abaixo dela; em 2015, 39; caindo para 31 em 2016. Conforme o levantamento ainda é possível ver o pior e o melhor desempenho das cidades da região. Em três casos, a situação aparece mais crítica, onde a meta não chega nem a 20%. Os três piores desempenhos são, respectivamente, ocupados pelas cidades de Euclides da Cunha Paulista (13,43%), Caiuá (17,39%) e Marabá Paulista (18,56%).

No primeiro caso, o secretário de Educação da cidade, Paulo Henrique Garcia Mente, afirma que este cenário era encontrado no ano passado, porém, “a realidade hoje já é diferente”. Com a troca de gestão, ele explica que o município conseguiu reverter a situação e diminuir o número de crianças na fila de espera. Ele justifica que isso foi possível mediante a fiscalização que hoje existe na cidade, a fim de evitar agravamento. “Já temos também outra creche em andamento, para que mais vagas possam ser oferecidas à população. Havia uma fila gigantesca, mas estamos conseguindo melhorar isso ao longo do tempo”, pontua.

O que também tem ocorrido em Caiuá. Apesar de apontado como o segundo pior no cumprimento da meta, quem lida com a situação explica que a cidade está “atingindo o máximo da demanda exigida, sem deixar crianças na fila de espera”. É o que garante a chefe da Secretaria Municipal de Educação, Sandra Cristina Pinto. “As crianças estão sendo atendidas, em casos até de mães que não trabalham. Do último ano para cá tudo melhorou muito, mas nunca foi um caso tão grave”, considera. Ainda de acordo com ela, foram feitas campanhas em postos de saúde, em busca de crianças para preencher as vagas.

Aliás, essa é a ideia o setor de Educação de Marabá Paulista para 2018. Assim como em Caiuá, a secretaria Lilian Ferreira Calanca garante que a situação hoje em dia é outra, pois a realidade apresentada não bate com os dados do levantamento, pelo menos para 2017. À reportagem, ela conta que “sempre conseguiu suprir a demanda, sem fila de espera”. “Questões de acessibilidade e estrutura são alguns pontos críticos que poderíamos citar e que já buscamos resolver, mas, fora isso, tudo tem se encaminhado”. A criação do novo assentamento recentemente, na Fazenda Nazaré, pode, ainda de acordo com ela, implicar em dificuldades para o próximo ano.

 

Acompanhamento

Mesmo com o desempenho, de modo geral, ainda baixo, há quem o acompanhe para que ele seja cumprido o quanto antes. O promotor Luiz Antonio Miguel Ferreira, do Geduc (Grupo de Atuação Especial de Educação), do MPE (Ministério Público do Estado), que cuida do cumprimento dos PMEs (Planos Municipais de Educação), analisa o cenário como positivo, apesar de tudo, em vista dos outros anos. “A gente está vendo que os municípios não estão parados e, dentro do seu poder, realizando ações para que a meta seja cumprida o quanto antes”, argumenta. Para isso, o Geduc instaurou um procedimento de acompanhamento em todas as cidades, não somente na educação infantil.

E se a meta é atingida ou já está próxima disso, não quer dizer que seja o fim dos trabalhos. Uma vez cumprida, a movimentação é direcionada para a qualidade deste ensino. Um exemplo disso, ainda de acordo com o promotor, é Alfredo Marcondes, que já pensa na estrutura das creches. Porém, nos casos em que essa realidade ainda não existe, Luiz Antonio relata que questões orçamentárias têm sido o principal problema e que acaba dificultando o cumprimento da meta estipulada.

 

SAIBA MAIS

Ao analisar a tabela, é possível verificar o município de melhor atuação, que, no caso, é Piquerobi, com 71,26% de cumprimento, acima da meta estipulada. A secretária de Educação da cidade, Rosimeire Vargas dos Santos Plucheta, diz que “a receita é se empenhar cada vez mais e não ver os bons índices como sucesso, mas sim como obrigação”. No caso de Presidente Prudente, capital da Alta Sorocabana, o desempenho está em 51%, sendo o 21º melhor município da região.

 

CUMPRIMENTO DO PNE

Municípios

2014

2015

2016

Adamantina

44,60%

45,87%

50,34%

Alfredo Marcondes

42,66%

47,55%

64,34%

Álvares Machado

26,64%

28,77%

29,57%

Anhumas

57,53%

60,22%

57,53%

Caiabu

47,37%

31,58%

38,42%

Caiuá

17,39%

15,65%

17,39%

Dracena

61,81%

62,14%

60,92%

Emilianópolis

56,06%

43,94%

57,58%

Estrela do Norte

54,14%

58,60%

58,60%

Euclides da Cunha Paulista

14,70%

15,43%

13,43%

Flora Rica

36,67%

51,67%

56,67%

Flórida Paulista

21,36%

22,98%

25,89%

Iepê

39,15%

34,16%

31,67%

Indiana

43,18%

48,18%

57,27%

Inúbia Paulista

24,86%

24,29%

22,60%

Irapuru

32,60%

32,60%

32,97%

Junqueirópolis

61,20%

62,75%

64,31%

Lucélia

45,03%

43,66%

43,54%

Marabá Paulista

20,10%

20,10%

18,56%

Mariápolis

19,32%

15,94%

21,26%

Martinópolis

46,55%

50,66%

53,36%

Mirante do Paranapanema

34,58%

33,88%

38,32%

Monte Castelo

40,85%

57,75%

57,04%

Nantes

60,00%

48,75%

45,00%

Narandiba

50,82%

56,15%

63,11%

Nova Guataporanga

58,06%

54,84%

59,14%

Osvaldo Cruz

50,12%

54,20%

55,59%

Ouro Verde

22,77%

25,82%

31,69%

Pacaembu

35,82%

34,10%

35,82%

Panorama

36,48%

44,00%

34,46%

Pauliceia

49,72%

53,65%

56,18%

Piquerobi

88,51%

79,31%

71,26%

Pirapozinho

45,05%

41,15%

47,08%

Pracinha

46,59%

44,32%

42,05%

Presidente Bernardes

24,55%

29,94%

27,74%

Presidente Epitácio

32,13%

33,18%

32,27%

Presidente Prudente

43,40%

48,65%

51,00%

Presidente Venceslau

39,79%

40,16%

41,07%

Rancharia

35,05%

46,05%

51,41%

Regente Feijó

44,17%

46,77%

47,60%

Ribeirão do Índios

56,18%

61,80%

66,29%

Rosana

33,02%

30,25%

34,36%

Sagres

47,12%

49,04%

61,54%

Salmourão

26,21%

27,02%

24,60%

Sandovalina

47,95%

45,49%

48,36%

Santa Mercedes

48,20%

46,04%

59,71%

Santo Anastácio

26,26%

28,77%

28,87%

Santo Expedito

31,06%

41,67%

36,36%

São João do Pau d'Alho

58,02%

49,38%

46,91%

Taciba

38,03%

58,69%

60,66%

Tarabai

19,78%

23,31%

25,20%

Teodoro Sampaio

33,23%

33,71%

33,23%

Tupi Paulista

40,13%

42,04%

48,20%

Fonte: TC Educa

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