36 Latinhas

Sandro Villar

O Espadachim, um cronista com fins lucrativos

CRÔNICA - Sandro Villar

Data 22/04/2021
Horário 05:30

Imagine alguém beber 36 latinhas de cerveja no fim de semana e, se você duvida de tal façanha ou de tal consumo exagerado, saiba que tem gente que traça tantas "loirinhas" assim em apenas três dias. No caso em questão, os três dias são sexta-feira, sábado e domingo, que constituem o tão esperado fim de semana.
Outro dia, enquanto caminhava, de mim se aproximou uma senhora que, se percebi direito e esquerdo, estava naquela fase da vida em que o pessoal da terceira idade "começa a queimar óleo 40", e a única diversão é dançar no baile da terceira idade, a melhor idade (podem rir). 
Ou baile da saudade, como queiram. Mas, com a pandemia, hoje em dia não tem baile nenhum pelo menos legalizado. Danço eu, dança você a dança da solidão, como diz o Paulinho da Viola.
Voltando à senhora. Ela comia uma romã e logo puxou conversa. Até que a mulher estava alegrinha, parecendo ministro do Supremo, depois do reajuste salarial que elevou o salário de R$ 33 mil para quase quarentinha, sem contar os benefícios e os penduricalhos (que palavra, meu Deus!).
Para minha surpresa, a mulher, creio que com 60 carnavais na linha do tempo da existência, confessou que era chegada na água que pintassilgo não bebe. Tremenda manguaceira. Seu prazer era encher a cara no fim de semana.
"Na quarta-feira vou ao supermercado e compro cerveja. Levo para casa três embalagens plásticas, cada uma com uma dúzia de latinhas", me disse a senhora. "Não é muita cerveja?", ponderei. Ela respondeu que não, lembrando que não bebia o estoque em apenas um dia.
A mulher acionou a calculadora do smarthfone, dividiu 36 por três e, exultante, foi direto ao ponto e vírgula: "Bebo 12 latinhas na sexta-feira, 12 no sábado e completo a conta com mais 12 latinhas no domingo".
Apesar do consumo impressionante de "loirinhas", ela disse que estava mais preocupada com outro vício: "Meu problema é o cigarro, o pulmão sofre com enfisema", contou a mulher, explicando que fumava cigarro eletrônico, o tal de Vape, por sugestão de uma amiga.
Falou que estava indo ao posto de saúde para o médico examinar os pulmões e não o fígado. "Mesmo com a "enxurrada" semanal de cerveja, o "figueiredo" ainda não "reclamou", brincou, acrescentando que o doutor a proibiu de fumar. E, com sarcasmo, completou: "Ainda não contei a ele que, além de fumante, também sou alcoólatra".   
  
DROPS

É melhor morrer de cirrose do que de tédio.
(autor desconhecido)

No vinho a verdade, no Brasil a adequação aos novos tempos.

Com o preço alto da cachaça, até ser alcoólatra está difícil no Brasil.

Carro elétrico. Você ainda vai ter um.
 

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