55 alunos pedem remanejamento de vagas do Fies

PRUDENTE - Mariane Gaspareto

Data 24/06/2016
Horário 09:55
 

No mês passado, 55 alunos do curso de Medicina da Unoeste (Universidade do Oeste Paulista), em Presidente Prudente, ajuizaram uma ação coletiva pedindo o remanejamento de 55 vagas do Fies (Fundo de Financiamento Estudantil) para o curso. No entanto, após a Justiça Federal não aceitar o pedido, estudantes, que somam mais de R$ 40 mil em dívidas das mensalidades atrasadas, temem não conseguir renovar a matrícula sem o benefício.

Jornal O Imparcial Os 55 estudantes cursam Medicina na Unoeste, mas temem trancar curso e acumular dívida

Os estudantes prestaram vestibular e se matricularam no curso, na expectativa de concorrer a uma bolsa do Fies - quando descobriram, então, que concorreriam a apenas cinco vagas. De acordo com os jovens, o número não havia sido amplamente divulgado antecipadamente, levando em conta ainda que o total de vagas deste ano era inferior à média disponibilizada nos últimos anos, que girava em torno de 60. Ao analisar o pedido de remanejamento das vagas, o Juízo declarou que os estudantes estavam cientes da quantidade reservada para o Fies, divulgada no ano anterior, e indeferiu a liminar postulada.

"A gente tem um sonho muito grande de entrar em uma faculdade de Medicina, estuda, se dedica, luta por isso, entra com a esperança de um financiamento e se vê nessa situação desesperadora". É assim que a estudante de Medicina, Bruna Fausti, 21 anos, define como estão os 55 estudantes, hoje. Muitos de seus colegas sequer vão conseguir trancar o curso agora no segundo semestre, pois, para isso, precisariam pagar as mensalidades atrasadas (de quase R$ 8 mil/mês, fora juros e multa). "Tem gente que vai vender casa, carro, terreno do avô, dos tios, mas tem gente que nem tem o que vender, é angustiante", lamenta ela, que teme, inclusive, pela saúde de financeira de sua família, pois tem outras duas irmãs pequenas, cujo futuro também será afetado pelo decorrer de sua situação.

Sua colega de sala, Bruna Laine Claro, 20 anos, também tem sofrido com a incerteza de seu futuro. Vive chorando, apavorada, com insônia. Passou a tomar neste ano remédios para dormir e a lidar com doenças psicossomáticas que jamais imaginou ter, pelo menos não tão jovem. "É horrível estar nessa situação, de desistir de um sonho tão grande, de parecer que a gente perdeu tempo da nossa vida".

O advogado Daniel Slobodticov, 51 anos, pai de uma das alunas do curso, relata que os sentimentos em seu coração são mistos nesse momento, perpassando por impotência, injustiça e insignificância. "Como você consegue olhar no rosto do seu filho, feliz porque foi bem em uma prova, e dizer que não tem dinheiro para pagar aquele curso, que ele vai ter que trancar?", questiona. Para a funcionária pública Rita Gama, 47 anos, que também é mãe de uma estudante de Medicina, os 55 jovens não estão sendo tratados como cidadãos, e não estão tendo os mesmos direitos de outros alunos que tiveram à sua disposição um número bem maior de vagas em anos anteriores. "Só queremos ter direito aos mesmos benefícios que outros tiveram", expõe.

 

Unoeste e MEC


Procurada, a Unoeste informou que todo o processo referente ao Fies é de responsabilidade do MEC (Ministério da Educação). O órgão do governo federal, por sua vez, ressalta que as instituições de ensino que fazem parte do programa preenchem um "termo de participação", no qual oferecem uma quantia de vagas para serem incluídas, e que as efetivamente oferecidas são definidas a partir das regras definidas na Portaria Normativa 9, entre elas, o desenvolvimento local, a demanda por ensino superior e áreas prioritárias. De acordo com a União, o financiamento para cursos do ensino superior não é direito adquirido.

 
Publicidade

Veja também