Abandono e descaso com idosos e seus efeitos

OPINIÃO - Sergio Munhoz Pereira

Data 22/12/2021
Horário 05:00

Trabalhando como médico em hospitais desde 1979, pude presenciar uma ampla variedade de situações, muitas alegres como nascimentos e cura de doenças, mas muitas vezes fiquei triste, e o que mais me entristece é ver filhos abandonarem seus pais em leitos hospitalares. 
Auxiliar a assistente social a encontrar o endereço, o telefone, um parente ou conhecido, ligar para rádios e emissoras de TV, colocar notas nos jornais e até a Secretaria de Segurança Pública, delegacia do idoso e polícia precisam intervir, muitas vezes não se encontra ninguém.
Na época de feriados prolongados como carnaval, Semana Santa e especialmente na época do Natal, os idosos são abandonados para que familiares possam viajar e passear, e não voltam. 
“Não ter tempo”, “não ter condições financeiras”, “não ter amor por ele”, nada justifica o abandono! Ser deixado para trás velho, doente, sozinho e sem esperança de voltar para o aconchego é muito triste e a consequência imediata é que acaba agravando o problema da superlotação nas unidades hospitalares.
Não há como delegar a estranhos sentir afeto pelos nossos filhos, pelos nossos pais, pelos nossos irmãos. Delegam-se tarefas, não deveres morais, escolhas que se fazem pela nossa honra e pela honra da família. A família precisa ser solidária e cooperativa, senão todos os seus membros padecem.
Poucos idosos externam o sentimento de dor com o abandono de familiares, preferem sofrer em silêncio, ficam introspectivos. É um abalo emocional muito forte para qualquer pessoa que se sinta rejeitado pela família. A solidão é tão prejudicial à saúde quanto fumar 15 cigarros por dia ou ser alcoólatra. Muitos entram em depressão e até se suicidam. Cuide e não deixe desamparados seus idosos, cuidar é amar.
 

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