O ano de 2021 será iniciado em todo o Brasil com prefeitos, vices e vereadores eleitos em 2020 nos mais de 5,5 mil municípios. Os dados extraídos das urnas eletrônicas deixaram alguns recados que merecem e devem ser levados em consideração pelos que tomarão posse em 1º de janeiro. Dois aspectos das votações chamaram a atenção: a ausência e a presença pragmática. Em sua maioria, o eleitor não foi às urnas. Os que foram não quiseram fazer apostas arriscadas.
A abstenção média no país passou da casa dos 29%, com indicativos de desinteresse pela política, por causa de alguns ou vários políticos. Todavia, há que considerar o efeito pandêmico no comportamento do eleitor que preferiu se resguardar ou dos que se viram impedidos por estarem com a Covid-19. Votos nulos e brancos ultrapassaram os 10%, dos quais se presume também o protesto às mazelas decorrentes da malversação do dinheiro público, além dos casos de corrupção.
O pragmatismo está evidente no fato de que o eleitor preferiu apostar nos candidatos mais conhecidos e com experiência na vida pública. Tanto é que mais de 60% dos prefeitos foram reeleitos, sendo que o mesmo ocorreu com 55% dos vices e 53% dos vereadores. Entretanto, existem localidades que houve a inversão, com a rejeição à reeleição nas prefeituras e renovação das câmaras em mais de 60%.
Agora, sobre as eleições de 2020 restam os recados das vozes das urnas para os eleitos, diplomados e empossados. Já não cabe mais o comportamento de palanque eleitoral, nem dos vencedores e nem dos que não obtiveram êxito. As cidades são de todos e cada um pode contribuir para o bem comum. Os tempos não são fáceis, assim como não são motivos para desculpas. Problemas existem para serem resolvidos. A pandemia deve se arrefecer com a vacina. Para a economia fragilizada, a lição básica é conter gastos e não gastar mais do que é arrecadado.
Os novos prefeitos, vice-prefeitos e vereadores estão legitimados pelos votos recebidos e devem responder pelos compromissos assumidos em comandar cidades. Comando para o qual não basta mandar, mas saber mandar e nisso está implícito ver, ouvir e decidir com o melhor entendimento possível. E quem está no comando tem o poder de mobilizar, de juntar pessoas e instituições que podem contribuir, inclusive voluntariamente, com a administração pública. Embora trivial, vale a lembrança de que a união faz a força. Aliás, até os fracos podem se tornar fortes, quando se juntam.