Aparelho celular: “o ouro” nas penitenciárias

EDITORIAL - DA REDAÇÃO

Data 31/05/2020
Horário 04:39

Ter um aparelho celular em mãos, nos dias de hoje, é característica dos tempos modernos. O dispositivo móvel pode ser trocado facilmente após uma simples queda ou desgaste da bateria, por exemplo, ações corriqueiras no cotidiano das pessoas. Mas, dentro das penitenciárias é um pouco diferente: o aparelho está nas mãos de quem pode. E “vale ouro!”. Além de funcionar como moeda de troca para favores entre sentenciados, também comandam o mundo externo.

Na edição de hoje, O Imparcial traz duas reportagens sobre as tentativas frustradas de levar drogas e eletrônicos para dentro das unidades prisionais por meio de correspondências. A regra é que sejam barrados na porta de entrada. Porém, a realidade é problemática. Isso porque, mesmo com as modernas e constantes revistas feitas pelos agentes, ainda assim os aparelhos celulares chegam os detentos.

De que forma? Corrupção de funcionários e maneiras engenhosas de transporte, como a entrega por drones – veículos aéreos já flagrados em penitenciárias da região, e que já foram alvos de operações. Esses fatores que infringem a legislação possibilitam o acesso à comunicação ilegal entre sentenciados e membros que estão do lado de fora. A ação é uma mão na roda para que os condenados comandem os crimes fora das unidades, principalmente aqueles que possuem elos com facções criminosas.

A realidade é preocupante e mostra uma falha no sistema de segurança penitenciário que não é fácil de ser corrigida. E isso ocorre não apenas no Estado de São Paulo ou no Brasil, mas em prisões do mundo inteiro. Com a facilidade de acesso ao mundo externo, os criminosos, mesmo atrás das grades, estão em liberdade para fazer o que bem entendem, uma vez que o aparelho em mãos é sinal de poder dentro dos presídios.

Escolher funcionários dedo a dedo? Adquirir aparelhos de raio-X que não apresentem falhas? Revistas ainda mais minuciosas nos pertences dos visitantes? São situações que podem ser levadas em conta para evitar que os presos tenham contato com os eletrônicos. No entanto, a questão vai muito além e leva em conta principalmente o caráter de quem está envolvido. Como afirmado pelo promotor de Justiça Licoln Gakiya, do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado), o problema é mundial.

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