Associação ambiental recupera 40% das espécies extintas

Número é relativo aos 30 anos de existência da Reserva Florestal do Córrego do Veado, assistida pela Apoena em Presidente Epitácio

REGIÃO - THIAGO MORELLO

Data 19/10/2018
Horário 04:03
Arquivo - Ao longo das três décadas, 1,2 milhão de árvores foram plantadas
Arquivo - Ao longo das três décadas, 1,2 milhão de árvores foram plantadas

No dia 5 de outubro, a Constituição Federal de 1988 completou 30 anos desde que foi instituída. Na mesma ocasião, nascia também a Apoena (Associação em Defesa do Rio Paraná, Afluentes e Mata Ciliar). A relação entre ambas se faz presente, uma vez que a própria Carta Magna estabelece - por um capítulo todo - que todos têm o direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, impondo-se ao poder público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo. E em comemoração às três décadas, a ONG (organização não governamental) completa seu aniversário com um saldo positivo, uma vez que cerca de 40% das espécies consideradas extintas localmente foram recuperadas ao longo deste tempo. O número avalia as aves e mamíferos que vivem ou viveram na Reserva Florestal do Córrego do Veado, assistida pela associação em Presidente Epitácio. Na ponta do lápis, significa que 42 de 105 animais voltaram a viver no entorno.

São cerca de 100 aves e quatro mamíferos, que foram considerados inexistentes na região da reserva. Mas quando o trabalho foi iniciado, o presidente Djalma Weffort destaca que foi possível constatar o retorno de espécies, como, por exemplo, da jaguatirica, lobo-guará e gavião-belo. Esse último, aliás, corre risco de extinção no Estado de São Paulo. No total, até pode ser que o número seja maior, mas ele não arrisca em falar sobre répteis e anfíbios, “porque é uma conta mais complicada”.

O resultado é ótimo para a natureza, que agradece o retorno da normalidade, mas também é sinônimo de alegria. À reportagem, Djalma traduz o cenário como sinal de alegria. “É muito bom ver uma espécie voltar à área, depois que ficou extinta no local. É importante ter uma cadeia alimentar, que faz com que a natureza como um todo aconteça”, completa. Ele ainda lista que outros animais ainda são esperados, como a arara-canindé e o tatu-canastra.

E nesse ritmo de recuperação, a flora também é afetada, felizmente, segundo o presidente da Apoena. Por exemplo, na busca do retorno da arara foi enfatizada a plantação da árvore buriti, que é um atrativo à espécie, que se alimenta do fruto gerado. O efetivo ajuda, até mesmo, a fechar a conta de quase 1,2 milhão de árvores plantadas ao longo das três décadas, o que representa outro ganho a ser comemorado pelo local, mas também à própria natureza, já que ainda simboliza a restauração de 500 hectares dos 945 que hoje existem por lá.

“O que não podemos deixar de agradecer é o trabalho em conjunto. Toda a sociedade civil, as parcerias com outros órgãos ambientais fizeram com que chegássemos até aqui”, reconhece Djalma. E na avaliação dele, acrescenta a consciência ambiental, que, antes, lá em 1988, “era até desconhecida”, mas houve um avanço conforme os anos foram se passando.

Pedras no caminho

“Na natureza não temos que achar nada. Temos que observar e procurar, não do ponto de vista histórico, mas sim ecossistêmico”. A fala de Djalma é uma resposta das intervenções que o meio ambiente sofre, sejam elas positivas ou negativas. E mesmo que se complete 30 anos, “com muita felicidade”, ele lembra que houve e ainda há momentos difíceis. Como os incêndios, que na última situação, esse periódico chegou a noticiar os 300 ha perdidos de uma vez só.

Entretanto, mais do que isso, o ambientalista comenta que as invasões de terras são o que prejudica. Ele chega a citar uma recente decisão da 3ª Vara da Justiça Federal de Presidente Prudente, que deu a liminar da desocupação da área e reintegração de posse à Apoena. “Está havendo um flagrante desrespeito. Estamos esperançosos que o juiz reitere essa decisão e tome medidas, pois ainda estamos sendo impedidos de trabalhar”, lamenta.

NÚMEROS

42

espécies de aves e mamíferos foram recuperados na reserva

945 hectares

é o tamanho total da área hoje, em Presidente Epitácio

1,2 milhão

de árvores foram plantadas nas três décadas

1988

marca o início dos trabalhos da Apoena

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