Atenção com vulneráveis, suspeitos e contaminados

OPINIÃO - Jogi Oshiai

Data 09/04/2020
Horário 05:04

Nesta crise da Covid-19, chegamos a um ponto em que as opiniões só são aceitas quando se encaixam no ponto de vista do outro. Somos testemunhas e atores de discussão política pouco técnica que acaba fazendo com que inclusive nós nos tornemos reféns de nossa opinião.

Estamos vivendo um momento único em que todos deveriam estar unidos para enfrentar esse invisível inimigo que vem ceifando vidas em todo mundo. Hoje, no meu 20º dia de isolamento social aqui em Bruxelas, constato que foi registrado 14.049 casos no Brasil, sendo que 127 recuperados e 688 mortes. A solidariedade, a conscientização, a resiliência e a preocupação com nosso bem comum deveriam ser prioridades no nosso país. Mas daqui da Bélgica, onde estas virtudes estão presentes no meu quotidiano, fico frustrado ao ver daqui de longe a falta delas no Brasil, principalmente, nas nossas mais altas “autoridades competentes”.

Estamos vivendo um período em que a população não acredita nem mesmo nas autoridades sanitárias competentes frente ao inimigo comum – Covid-19 – em função de paradigmas absurdos e assim como acredito que a ciência não deva ser assunto só de sábios sisudos continuo a bater na mesma tecla que iniciei em março último, antes do carnaval: proteger os vulneráveis, testar todos os suspeitos e isolar os contaminados.  No caso brasileiro, ao contrário de países desenvolvidos, devemos adotar um sistema de isolamento vertical com bom senso, levando em consideração não somente os aspectos sanitários e econômicos, mas também os culturais.

Que a globalização da informação também seja um fator positivo na solução dessa crise. Na Europa, podemos observar resultados positivos na Suécia, que mantém as atividades normais e na Ásia, em Hong-Kong, que tem uma população de 7,3 milhões de habitantes, sendo que 95% são chineses em um território minúsculo de 1.1 mil km². O sucesso em Hong-Kong, segundo os especialistas, deve-se ao fato de toda a população utilizar máscaras. As atividades são normais e somente as escolas foram fechadas.

Infelizmente, falta isonomia no Brasil, seja em relação ao isolamento, seja em relação ao eventual medicamento (hidroxicloroquina), ainda que existam declarações do senhor Guy Rider, diretor da Organização Internacional do Trabalho (“A quarentena não vai funcionar se milhões de pessoas forem colocadas numa situação de ter de abrir mão de suas rendas para ficar em casa”) e da dra. Nise Yamaguchi, do Albert Einstein (“É importante construir UTIs, aumentar os leitos hospitalares, promover o isolamento vertical e adotar medidas de prevenção ― mas não podemos nos limitar a isso. O tratamento precoce com hidroxicloroquina pode ser feito em larga escala”).

Enfim, neste caos político, sejam pragmáticos e utilizem máscaras. E, quem não tiver acesso, improvise para não morrer e para não matar, até que as autoridades do nosso país decidam trabalhar para o bem do nosso Brasil.

 

 

 

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