O governador João Doria (PSDB) anunciou ontem que adiou o retorno das aulas presenciais para o dia 7 de outubro. Porém, para que isso ocorra, será necessário que as regiões paulistas estejam há pelo menos 28 dias na fase amarela do Plano São Paulo. Mesmo que o retorno seja feito de maneira gradual, ainda é cedo para pensar no assunto, no momento em que alguns municípios continuam no “vaivém” da linha vermelha – a mais grave.
Enquanto a comunidade não for imunizada contra o novo coronavírus, a realidade continua sendo incerta, assim como no início da pandemia quando foi anunciada a quarentena. A medida também chegou às salas de aula, que permanecem fechadas desde março. Mesmo com a gravidade da doença e aumento dos casos no interior de São Paulo, há aqueles que já pensam no retorno das atividades escolares, realidade que as famílias almejam para o próximo ano – é só olhar os comentários na internet para tirar a prova.
Conforme o governo estadual, a volta das atividades presenciais para esse ano se baseia em estudos que apontam riscos para a saúde mental do aluno, o que pode interferir no ensino. Também são citadas questões sociais, que podem acentuar desigualdades. Antes do possível retorno, o Estado diz estar preparado com equipamentos de segurança para evitar o contágio. Mas até que ponto é possível confiar que tal decisão dará certo? Se nem nas ruas a comunidade respeita o distanciamento social, quem dirá dentro das escolas onde o professor perdeu a autoridade...
Pode ser que em algumas instituições, a regra dê certo, mas, em outras pode dar completamente errado. Nem todas as unidades caminham no mesmo ritmo, há alunos e alunos, cada qual com uma perspectiva do que é certo ou errado. E o errado pode se sobressair. Neste momento, o melhor a se fazer é intensificar as fiscalizações sanitárias em estabelecimentos que atuam clandestinamente na quarentena; vigiar aqueles que continuam nas ruas sem máscaras; e, de fato, aplicar a legislação conforme a regra.
O retorno das aulas presenciais só deve ser pensado a partir do momento em que a população realmente se reeducar e, ao mesmo tempo, tiver no corpo a imunidade contra a Covid-19.