Avós falam sobre a nova chance de serem mães

Amor e força são sinônimos que descrevem as trajetórias de Adriana e Fátima

REGIÃO - ROBERTO KAWASAKI

Data 09/05/2021
Horário 05:28
Foto: Roberto Kawasaki
Adriana teve a chance de também ser “mãe” dos netos
Adriana teve a chance de também ser “mãe” dos netos

Adriana Paula Rodrigues, 49 anos, cozinheira. Fátima Pereira dos Anjos Rosário, 53 anos, dona de casa. O que as moradoras de Presidente Prudente têm em comum? Uma nova oportunidade de serem mães e proporcionar amor ainda maior na vida dos netos. A primeira, divorciada e mãe de quatro filhos, sendo dois de criação. A segunda, viúva e mãe de três, mas, que por adversidade do destino, perdeu a primogênita em um acidente de trânsito em julho do ano passado.

Ela é mãe da universitária Thaís dos Anjos Rosário, que, inclusive, completaria 27 anos amanhã. Este será o primeiro Dia das Mães em que a família não se reunirá para celebrar a data. “Está sendo muito difícil, muito difícil. Porque o amor de mãe é muito grande, é incondicional, ama cada filho de um jeito único, especial” explica Fátima. Com a “viagem” de Thaís, como a família costuma pensar, a dona de casa, que também é mãe do Diego e do Thiago, tem como missão cuidar da neta Isabela, de 4 anos.

“É um presente de Deus em nossa vida. Desde o início contei para ela sobre tudo o que aconteceu [referente ao acidente de carro que causou a morte de Thaís]. Falei assim: ‘a vovó vai te amar por dois corações’, e ela tem gravado isso até hoje”, conta Fátima. Num trabalho escolar recente sobre o Dia das Mães, a menina resolveu desenhar os dois corações, com os nomes da avó e da mãe. Para a matriarca da família, a nova chance de ser mãe é uma oportunidade para transmitir os mesmos valores que ela e o marido Manoel, que faleceu de câncer, passaram aos filhos.

“Que as ‘avós-mães’ como eu tenham muita força e fé. Sabemos que nossa presença não vai preencher o vazio do lugar da mãe, mas o amor, carinho, afeto, serão grandes para que a criança cresça cheia de laços e traga alegria para a vida dela”, deseja Fátima.

Uma segunda oportunidade

A cozinheira Adriana tem quatro filhos, sendo duas de sangue: Maria Vitória, 21 anos, e Ane Caroline, 29 anos; e outros dois “de coração”: Átila, 28 anos, e Adriano, 29 anos. A rotina da autônoma mudou quando a mais nova engravidou, aos 16 anos. A jovem foi casada por aproximadamente três anos e meio, e o fruto da relação foi o Nicolas Miguel, hoje com 4 anos. Logo depois, nasceu o Jorge Henrique, atualmente com 2 anos.

Após se separar do marido, a filha voltou a morar na casa da mãe. “No começo, tomei toda a responsabilidade, porque ela acabou se afastando um pouco. Mas, depois acabou tomando consciência e voltou a estar com eles novamente”, conta a avó. “A gente sempre teve uma ligação muito forte, porque quando o segundo nasceu, passou por problema de saúde e precisou ficar intubado quando tinha 40 dias de vida”, lembra. Ao todo, foram 58 dias de internação, período em que ela revezava com a filha nas idas e vindas do hospital, e também na criação do mais velho.

Depois de sair do tubo, Jorge ficou com sequelas. “Quase não se movimenta, não fala. É uma criança especial, e fomos nos aproximando mais e mais”, afirma Adriana. Hoje, a filha mais nova e os netos não moram mais com a avó. Mas, mesmo assim, os meninos passam a maior parte do tempo na casa dela - uma forma de não quebrar o laço criado entre eles. “A segunda fase de ser mãe e avó é uma oportunidade de se redimir e fazer por eles o que não pude fazer no passado. A sensação é gratificante, porque nem sempre temos uma segunda chance na vida. Que todas as avós venham a fazer tudo mais: amar mais, se dedicar, dizer mais eu te amo, abraçar, beijar. E que tenha amor a todo momento”.

 

Foto: Cedida

Fátima perdeu a filha Thaís (primeira à esq.)

 

Foto: Roberto Kawasaki

 Fátima cuida da neta Isabela, que perdeu a mãe

 

 

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