Gesto de maior contato entre uma mãe e seu filho durante os primeiros meses de vida de um bebê, o aleitamento materno é imprescindível para o crescimento e desenvolvimento infantil. Porém, nem todos os recém-nascidos têm a chance de serem amamentados pela própria mãe e, assim, dependem dos chamados Bancos de Leite. O problema é que, nesta época do ano, a quantidade de doadoras costuma cair, devido às festas e o período de férias, ao passo que a demanda se mantém a mesma. E esta tendência reflete diretamente nos atendimentos, que atualmente apresentam uma defasagem de pelo menos 40% em Presidente Prudente, conforme a coordenadora do Banco de Leite, Juliana Santiago Santos.
Carolina Santos, doadora
"No fim do ano, os estoques dos Bancos de Leite materno costumam cair pela questão das festas, então, sempre registramos queda nas doações. Entretanto, a demanda continua a mesma, a quantidade de prematuros nos hospitais não muda. Por isso, só conseguimos atender hoje 60% das necessidades dos prematuros internados em Prudente e região", confirma a coordenadora.
Quando Juliana Santiago afirma que apenas 60% das necessidades são compreendidas, ela quer dizer que os cerca de 40 prematuros atendidos pelo Banco de Leite hoje recebem apenas 60% da quantidade de leite que precisariam. O restante da alimentação desses bebês, conforme a coordenadora, é feita por meio das chamadas fórmulas infantis, "que não trazem os mesmos benefícios do leite materno", segundo ela.
"Esses prematuros, a maioria deles está em estado de risco, então, eles teriam que receber o leite materno, para melhorar no desenvolvimento, na imunidade, ajudar em suas defesas, crescimento e ganho de peso", argumenta Juliana.
Cadastro de doadoras
A defasagem no estoque do local se dá, principalmente, pelo déficit no número de doadoras, que costuma reduzir ainda mais em períodos de férias. A coordenadora estima que o ideal seria um número de 120 doadoras, mas atualmente o cadastro do órgão ligado à Sesau (Secretaria Municipal de Saúde) não passa de 80 mulheres. "Calculamos que com um litro de leite por dia conseguimos alimentar até dez prematuros internados nos hospitais, mas não conseguimos atender esse demanda por conta do número reduzido de doadoras", completa.
Entre essas doadoras ativas está a fisioterapeuta Carolina Santos de Queiroz Maia, 29 anos. Mãe do pequeno Henrique Queiroz Maia, de três meses, ela doa o excedente de seu leite há pelo menos dois meses. No início, ela confessa que teve certo receio, mas agora se diz satisfeita com o fato de poder ajudar outros bebês e até comemora quando consegue retirar mais leite que na semana anterior.
"A doação de leite materno é de extrema importância, pois da minha própria vida dou alimento aos outros. É gratificante saber que ajudo outras crianças, mesmo sem conhecê-las, e também fico feliz, porque mesmo não entendendo, o Henrique já está sendo solidário com outros bebês", relata a fisioterapeuta.
SERVIÇO
De acordo com a Rede Brasileira de Bancos de Leite Humano, a qual o Bando de Leite de Prudente é vinculado, além da necessidade de apresentar excesso de leite, as mulheres que estiverem amamentando e quiserem doar devem ser saudáveis, não usar medicamentos que impeçam a doação e se dispor a ordenhar e a doar o excedente. Para fazer a doação, a interessada deve entrar em contato com o Banco de Leite e pedir uma visita do órgão. Em Prudente, o telefone do Banco de Leite é o 3226-3430. O órgão está localizado na Avenida Washington Luiz, 112, no centro.
