ButanVac: viva a ciência brasileira! 

EDITORIAL - DA REDAÇÃO

Data 28/03/2021
Horário 04:28

No ano passado, após 48 horas desde a confirmação do primeiro caso no Brasil de infecção pelo novo coronavírus, pesquisadores brasileiros conseguiram sequenciar o genoma do vírus que chegou ao país. A descoberta, sem dúvidas, mostrou a potência e a importância de inúmeros profissionais que se dedicam a serviço da ciência. Mas, as conquistas não pararam por aí. Nesta sexta-feira, o Instituto Butantan, ligado ao governo do Estado de São Paulo, iniciou o desenvolvimento e a produção-piloto da primeira vacina brasileira contra o novo coronavírus. A expectativa é que os ensaios clínicos de fases 1 e 2 em humanos com o novo imunizante comecem já em abril, após autorização da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária).
O Instituto Butantan, criado há mais de um século, é o principal produtor de imunobiológicos do Brasil, e responsável por grande porcentagem da produção de soros hiperimunes e grande volume da produção nacional de antígenos vacinais, que compõem as vacinas utilizadas no PNI (Programa Nacional de Imunizações) do Ministério da Saúde. A ButanVac, assim nomeada pelo instituto, será uma vacina desenvolvida e produzida integralmente no Butantan, sem necessidade de importação do IFA (Insumo Farmacêutico Ativo). Os resultados dos testes pré-clínicos realizados com animais se mostraram promissores, o que permite evoluir para estudos clínicos em humanos.
Segundo o Instituto Butantan, a tecnologia da ButanVac utiliza um vetor viral que contém a proteína spike do coronavírus de forma íntegra. O vírus utilizado como vetor nesta vacina é o da doença de newcastle, uma infecção que afeta aves. Por esta razão, o vírus se desenvolve bem em ovos embrionados, permitindo eficiência produtiva num processo similar ao utilizado na vacina de influenza. O vírus da doença de newcastle não causa sintomas em seres humanos, constituindo-se como alternativa muito segura na produção. O vírus é inativado para a formulação da vacina, facilitando sua estabilidade e deixando o imunizante ainda mais seguro.
A pesquisa clínica em humanos do novo imunizante será realizada em conformidade com altos padrões internacionais éticos e de qualidade. Foi com horas de estudos e trabalho que os pesquisadores chegaram ao propósito da ButanVac. “Por onde começar” certamente foi a pergunta mais difícil de responder até agora, mas eles conseguiram. Eles mostraram mais uma vez a importância da ciência brasileira, que estará sempre a serviço da humanidade. Os resultados vão determinar se a vacina é segura e tem resposta imune capaz de prevenir a Covid-19, mas trata-se de mais uma esperança para salvar vidas. Viva a ciência brasileira! Viva os institutos de pesquisas! Viva o Butantan!

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