Enganou-se quem pensou que o 1º Campeonato Nacional de Futsal de Surdos do Oeste Paulista, que ocorreu ontem, em Presidente Prudente, seria marcado pelo silêncio. Muito pelo contrário, o cenário era o de muita comunicação, seja verbal, cada um com sua maneira, ou por meio da Língua Brasileira de Sinais. A iniciativa da ASSPP (Associação de Surdos e Surdas de Presidente Prudente e Região) contou com o incentivo da Semepp (Secretaria Municipal de Esportes) e reuniu pelo menos 90 atletas de diversos Estados no PUM (Parque de Uso Múltiplo).
Conforme a organização, sete times participaram do evento, sendo as cidades de Presidente Prudente, Campo Grande (MS), com dois times, Rondonópolis (MT), Maringá (PR), Tupã (SP) e Birigui (SP). De acordo com a intérprete e membro do conselho da ASSPP, Miriã Viana Moraes, a ideia surgiu a partir de uma necessidade encontrada pelos surdos do município, que não tinham um evento local e precisavam participar de campeonatos em diversos municípios.
“O nosso time [ASSPP] já participou de campeonatos. Eles são muito unidos e amam o esporte. Falta o incentivo nessa área da inclusão social, mas aqui, finalmente, encontramos o apoio de pessoas que entenderam nossas necessidades e nos ajudaram a realizar o evento”, salienta Miriã.
Ainda segundo a membro do conselho, a inclusão no esporte valoriza os atletas, que são ótimos jogadores, e deixa de lado as limitações, ressaltando apenas os dons que cada um tem. As atividades no PUM seguiram até 16h e todos receberam uma medalha.
Por meio de uma intérprete, a reportagem conseguiu bater um papo com os atletas e responsáveis por times que estavam no local. O auxiliar administrativo, Flávio Augusto Gonçalves, 26 anos, por exemplo, afirmou estar emocionado com a competição, já que teve a chance de participar de jogos fora de casa e vê no esporte a oportunidade para a inclusão social. “Não há distinção, estamos todos com os mesmos objetivos e na mesma língua”, ressalta.
Já o atleta, Deivide Tomasi, que representou o time de Maringá (PR), lembra que adora o esporte, treina sempre que pode e afirma estar contente com a iniciativa que trouxe o esporte para Prudente. “Comecei a participar de campeonatos em 2014, hoje estou como goleiro e espero que ocorra mais vezes, isso nos une”.
O técnico da equipe de Campo Grande (MS), Samuel Ferreira de Souza, nascido em Presidente Venceslau, ressalta a importância do esporte para os surdos, por promover o fortalecimento físico e o desemprenho para os campeonatos, mas lembra que a inclusão social ainda pode melhorar. “Aqui eu vejo que é uma troca de experiências, por serem quase todos surdos. Para, de fato, haver a inclusão, é preciso a interação da sociedade ouvinte com eles”, finaliza.
