Ceagesp quer reativação de malha ferroviária

A ALL se mostrou favorável. Agora comunicaremos nossos clientes, pois é um desperdício termos uma unidade dessas à disposição e não ter sua capacidade totalmente utilizada", comenta.

PRUDENTE - Elaine Soares e Oslaine Silva

Data 23/05/2014
Horário 07:17
 

Com capacidade de armazenamento de 25 mil t (toneladas), a Ceagesp (Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo) de Presidente Prudente manifestou interesse na reativação da malha ferroviária da região. De acordo com Marco Antonio Pereira, gerente regional das unidades armazenadoras da companhia, atualmente o transbordo de determinados produtos, que poderia ser de mil toneladas/dia, praticamente inexiste por falta de demanda, situação que para ele seria revertida caso o transporte ferroviário voltasse a funcionar. Pereira apresentou seu posicionamento ontem, em reunião realizada na diretoria regional do Ciesp (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo). Agora, ele diz que incentivará as empresas e potenciais clientes da companhia a procurarem a ALL (América Latina Logística) para que procedam com as tratativas que poderão viabilizar o uso dos trilhos.

Sem poder contar com o referido meio de transporte, Pereira conta que a Ceagesp recebe hoje uma quantidade de milho - que ele não soube precisar o total -, produto que o cliente retira aos poucos para consumo. Com a volta dos vagões, ele acredita que a companhia seria procurada com mais frequência, principalmente para a armazenagem de açúcar, já que, de acordo com o gerente, a região possui, aproximadamente, 17 usinas, e ele já teria recebido "várias propostas". "Estou otimista quanto à reativação, mas não tenho condições de dar prazos. A ALL se mostrou favorável. Agora comunicaremos nossos clientes, pois é um desperdício termos uma unidade dessas à disposição e não ter sua capacidade totalmente utilizada", comenta.

Além de Prudente, o responsável pela Ceagesp na região cita a unidade de Palmital que, conforme ele, se utilizaria da mesma malha ferroviária. Esta, porém, tem capacidade de armazenamento de 100 mil toneladas e transbordo de 2.500 toneladas/dia.

Pereira defende o transporte ferroviário por acreditar que seu uso teria impacto positivo tanto na questão econômica, quanto em relação à preservação ambiental, pois "diminuiria o alto nível de poluição produzido pelos caminhões nas estradas". "O retorno seria extremamente vantajoso. A Ceagesp, por exemplo, mantém a maior rede pública de armazenagem do país e todas as suas unidades são interligadas com a malha ferroviária. Não tem porque não termos essa opção de transporte", destaca. Ele acrescenta que o transporte viário não deixaria de ter sua importância dentro desse processo. Ao contrário disso, seria ocupado de outra forma, oferecendo, inclusive, "melhores condições de trabalho aos caminhoneiros", frisa.

 

Vantagens


De acordo com o diretor regional da Fiesp/Ciesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo/Centro das Indústrias do Estado de São Paulo), Wadir Olivetti Júnior, com o uso adequado de transporte via ferrovia, o volume de cargas não só gerado aqui, mas que passa pela região, diminuiria em até 60% nas rodovias. Segundo ele, existem vagões que comportam até 75 toneladas e uma carreta no peso correto é de 30 toneladas, o que já aponta mais que o dobro. "O volume é muito grande", frisa.

Em relação ao frete, ele comenta que no mundo inteiro existe um trabalho forte sobre ferrovia e hidrovia que aponta valores de fretes competitivos. O que não é o caso do Brasil, da região. "É preciso trabalhar melhor essa questão para que seja condizente com a realidade. A malha ferroviária do Estado é muito extensa e precisa ser reformulada e melhorada. Com isso, teríamos um transporte adequado para o escoamento de nossos produtos", diz.

 

Encontro


A reunião de ontem envolveu representantes de entidades, do empresariado, ANTT (Agência Nacional de transportes Terrestres) e ALL, concessionária responsável pelos trilhos da região. Na ocasião, Evandro Abreu de Sousa, superintendente das relações institucionais da ALL, deixou claro que a concessionária está disposta a discutir com os empresários a capacidade de volumes que podem ser mantidos, para que possa, assim, firmar contratos para a realização desses transportes. "O volume que temos contratado com a ANTT é de 3.000 toneladas ao ano. Essa é a nossa obrigação a ser cumprida, mas sempre que há cargas regulares, o trem pode chegar e transportar. É uma questão de condições comerciais", coloca Sousa.
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