Comunicação improdutiva: valorize seu tempo

OPINIÃO - Jair Rodrigues Garcia Júnior

Data 03/08/2019
Horário 05:29

A comunicação é uma necessidade fundamental para as atividades humanas e até para própria sobrevivência. Ela acontece de vários modos, desde a interpessoal com o diálogo entre duas pessoas, até a comunicação de massa (TV, rádio etc), se utilizando de canais diversos, tais como fala presencial, libras, impressos, e-mail, aparelhos de comunicação à distância etc. Muitos dos leitores provavelmente tiveram a experiência de usar um “telefone”. Coloco entre aspas porque quero me referir ao aparelho de comunicação revolucionário, tal qual foi proposto por Alexander Graham Bell: uma pessoa fala de um lado e a outra ouve do outro. E apenas isso.

Quem teve essa experiência, se lembra do que motivava uma pessoa a pegar o aparelho, discar ou teclar o número do destinatário e falar? Podemos resumir assim: era a necessidade de transmitir alguma informação, obter alguma informação ou conversar com alguém que não estivesse perto o suficiente para um encontro presencial. Apenas isso.

Nas últimas três décadas o comportamento das pessoas no que se refere à comunicação passou por transformações significativas. Para ficar nos meios mais conhecidos e de acesso de grande número de pessoas, devemos mencionar o e-mail. No início era uma ferramenta para comunicação como o “telefone clássico”, com a diferença que as informações iam e voltavam na forma escrita. Porém, vieram os anexos com figuras, apresentações, áudios e vídeos. Virou também um entretenimento consumidor de tempo e ladrão da produtividade. Um pouco mais tarde surgiu o irmão mais velho do Whatsapp, o ICQ. Já usou? A principal diferença é que funcionava apenas no computador, pois ainda não existia o smartphone.

Depois vieram o Messenger, Skype e outros na esteira da “comunicação barateada”, pois não se pagava mais os pulsos ou taxas de interurbano das ligações, como acontecia com o “telefone clássico”. Então, em 2007, aconteceu a segunda revolução da comunicação e também do comportamento humano, quando o gênio Steve Jobs lançou o iPhone. O aparelho multifunções inaugurou a era dos aplicativos, entre eles os de comunicação.

Hoje os smartphones “fazem parte do corpo” como uma roupa, são utilizados para funções profissionais, mas principalmente para comunicação e entretenimento. Em média, tocamos no aparelho pelo menos 2 mil vezes, somando mais de 2 horas usando-o a cada dia (Tecmundo). A comunicação acontece nos app de mensagens e nas redes sociais, com curtidas, comentários, fotos, vídeos e áudios. Mas apenas no horário de vigília, ou seja, aproximadamente 16 horas por dia, de forma intermitente.

E os contatos e grupos do Whatsapp. Por curiosidade, fiz uma contagem rápida em meu app (gosto de estatísticas!): mais de 70 contatos ativos (troca frequente de mensagens), 30 grupos (trabalho, família, amigos etc) e média de 800 mensagens por dia, sendo 60% úteis e 40% totalmente dispensáveis.

Essa facilidade de comunicação diminuiu nossa prerrogativa de seletividade. É muito fácil e grátis (qual é a senha do WiFi?) enviar mensagens de todo o tipo, por isso enviamos, e também vemos todo o tempo. Assim, boa proporção de nosso precioso tempo se torna improdutiva. Valorize mais suas 16 horas de vigília do dia com mais produtividade no trabalho, atividades com a família, cuidando da saúde, evoluindo intelectualmente e se comunicando com os amigos, mas pessoalmente, tomando um café, enquanto o smartphone permanece desligado no bolso.

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