Contra a dengue, participação popular é fundamental

Experiência ruim em relação aos casos da doença, neste ano, está relacionada à falta de colaboração dos munícipes; por outro lado, bons resultados demonstram parceria com os cidadãos

REGIÃO - MARCO VINICIUS ROPELLI

Data 26/04/2020
Horário 06:31
Cedida - Ações educativas de conscientização fazem parte do combate ao mosquito em Anhumas
Cedida - Ações educativas de conscientização fazem parte do combate ao mosquito em Anhumas

As experiências dos municípios da região frente à dengue demonstram a verdadeira importância da população para vitória contra o mosquito Aedes aegypti. O que sofre, proporcionalmente, a maior epidemia da região é Ouro Verde. Por lá, segundo a enfermeira da VE (Vigilância Epidemiológica), Aline Menezes Sanches, 37 anos, “o município não conta com profissional fiscalizador, a população tem muita resistência a aderir às orientações”. “Somos um município muito paternalista, onde a população está habituada ao poder público realizar ações que são de sua competência, gerando assim um efeito cascata, no qual falta limpeza pública”, avalia.

Aline afirma que a dengue, desde o começo do ano, assustou muito a área de saúde da cidade, visto que, desde janeiro, muitos casos foram registrados e em fevereiro o pico levou o município a uma situação muito complexa. “Tivemos que organizar uma força-tarefa para atendimento aos pacientes, contratamos médicos, enfermeiros e auxiliares, adquirimos um montante de medicamentos e insumos superior à média usada”, relata.

Em janeiro, Ouro Verde registrou 116 casos, em fevereiro, 401, em março foram 124 confirmações e, em abril, até o dia 22, 23 casos. Tal redução faz Aline acreditar que as ações dos grupos de combate ao mosquito são efetivas. “Há dois meses percebemos redução no número de casos, mas está longe da meta desejada, quanto à colaboração da população, repito, não temos, inclusive temos enfrentando muita resistência”, completa.

POPULAÇÃO

COMPROMISSADA

A experiência de Anhumas, por sua vez, é bastante positiva e conta com a colaboração da população, conforme informa a enfermeira da VE, Mayara Gervazoni Madeira, 32 anos. A cidade, entre todas as pesquisadas da região, apresentou o menor índice de confirmações de dengue a cada mil habitante, 0,73. Tal fração significa que sequer uma pessoa foi contaminada pelo vírus a cada mil. Por lá, foram registrados somente três casos, sendo que dois deles foram importados de outros municípios.

“Quando há um positivo, toda a área nas proximidades de onde reside o infectado é trabalhada para que o mosquito não se prolifere e a contaminação não se espalhe. Como somos uma cidade pequena [4.115 habitantes/IBGE 2019], se não tomarmos as devidas precauções, a cidade inteira acaba tendo a doença”, pontua Mayara.

 

AÇÕES DE

CONTROLE

A diretora da VEM (Vigilância Epidemiológica Municipal) prudentina, Elaine Bertacco, descreve as ações tomadas no município, como a necessidade do apoio da população para o controle do mosquito da dengue. “Mantemos ações, bloqueio de criadouros, nebulizações, atividades de ponto estratégico, visitas a borracharias, ferros velhos, imóveis especiais como escolas, mesmo estando fechadas”, destaca.

Ela descreve também as ações que as equipes têm realizado: “Aumentou muito o número de pessoas que juntam reciclagem, mas elas misturam o que é reciclável com o que é lixo, então, nós vamos retomar o trabalho para mostrar que tem que separar o que é lixo do que vai ser vendido e descartado de uma maneira correta”, aponta Elaine. “Um outro projeto que nós estamos retornando é a boca de lobo [que visa, com pinturas e grafites, tornar os bueiros mais atrativos e desencorajar descarte irregular de lixo]. Nós estamos, também, com dois caminhões da Prudenco [Companhia Prudentina de Desenvolvimento] passando de casa em casa nos bairros para que  coloquem nas caçambas o lixo que acumula água  para que possamos recolher”, acrescenta

A supervisora comenta, por fim, outra vez, a importância de que a população entre na guerra contra o mosquito: “A maioria sabe o que é dengue, onde o mosquito se prolifera, sinais e sintomas, todo mundo sabe o passo a passo da dengue, só que muitos não colocam isso em prática. Neste ano, no município, nós já tivemos três casos de óbitos. Vamos manter a nossa cidade limpa, cada um deve ser responsável pelo seu espaço”, salienta.

Publicidade

Veja também