Depois de nove meses de intensas disputas, negociações, acertos políticos e votações controversas, o Senado decidiu ontem pelo afastamento definitivo da agora ex-presidente Dilma Rousseff (PT), por crime de responsabilidade, por 61 votos a 20. Com a decisão, Michel Temer (PMDB) foi empossado e fica no cargo de presidente até o final de 2018. Histórico, o dia de ontem marcou o fim de um longo processo que praticamente parou o país durante o período em que transcorreu. Por isso, nas ruas ou no meio político, o discurso predominante, após a decisão dos parlamentares, envolve uma mescla entre a esperança de dias melhores e o temor de um eventual retrocesso.
"A gente vai ao mercado e está tudo caro", diz Roselaine
Fortemente impactados com a recessão econômica do país, os municípios aguardavam ansiosamente pelo desfecho deste imbróglio, segundo Sandra Aparecida de Sousa Kasai (PSDB), prefeita de Rosana e presidente da Unipontal (União dos Municípios do Pontal do Paranapanema). "Acho que a partir de agora irá se criar uma expectativa de melhoria e de mudança, que a gente espera que seja positiva. O Brasil precisa voltar a crescer e a credibilidade do país precisa ser retomada diante dos outros países", comenta.
E essa retomada no crescimento do Brasil, tão esperada pela representante dos municípios, deve refletir diretamente nos cofres das cidades, que, em sua maioria, dependem dos repasses do FPM (Fundo de Participação dos Municípios). "Do jeito que estava não dava pra ficar. Os municípios estão sucumbindo, está muito difícil manter o investimento e cumprir a LRF . Então, melhorando os investimentos e o país voltando crescer, automaticamente os municípios acompanharão essa tendência", analisa Sandra.
Partidos
Entre as siglas partidárias com presença em Presidente Prudente, a opinião dos representantes acompanhou as manifestações propagadas em nível nacional. Presidente municipal do PT (Partido dos Trabalhadores), Adelino Ferreira se disse preocupado não apenas com o resultado da votação, mas principalmente com o futuro do país. "Nossa preocupação é que o país esteja voltando atrás nos avanços sociais e estruturais dos últimos 13 anos. Tememos pelo encolhimento dos direitos dos trabalhadores, dos estudantes e da população de baixa renda", argumenta.
Mesmo ponto de vista de Thiago da Fonseca, presidente municipal do PSOL (Partido Socialismo e Liberdade). "A gente avalia o resultado da votação do Senado, como um golpe contra a democracia. Infelizmente, o que prevemos para o país é um futuro difícil. Toda a história recente da democracia do Brasil foi colocada em xeque", acredita.
Em contrapartida, Wilson Portella Rodrigues, presidente municipal do PSDB (Partido da Social Democracia Brasileira), considera que a "votação ocorreu dentro do esperado". Como esperado também deve ser a retomada do desenvolvimento do país, conforme ele. "A gente espera que haja uma união de forças, com o envolvimento de vários partidos, para que o país volte aos trilhos e normalize a situação. Estivemos muitos meses com o país em estado de letargia, agora é hora de deixar as discussões políticas de lado e colocar em prática as mudanças econômicas e sociais que o país necessita", relata.
Maiores afetados
Os maiores afetados com tudo isso, o povo, não vê a hora de ver a situação do país normalizada. Com emprego, geração de renda, impostos justos e o retorno desses tributos com serviços públicos de qualidade, e uma inflação controlada. "Já foi tarde. Agora espero que melhore, pois a coisa está feia", afirma a faxineira Aparecida Pereira do Nascimento, 55 anos. "Estava insuportável. A gente vai ao mercado e está tudo caro. Tem a questão do desemprego também. Então, agora espero que esse cenário mude", vislumbra Roselaine da Silva, 53 anos.