Televisores antigos, computadores, entre outros eletroeletrônicos. Esta é a paisagem flagrada pela reportagem na manhã de ontem, nas Chácaras Cobral, nas proximidades do Balneário da Amizade, em Álvares Machado. A maneira que estes produtos estão dispostos – provenientes de um depósito de reciclagem -, de acordo com o ambientalista Djalma Weffort, podem contaminar o lençol freático e consequentemente, a água do balneário. A Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental (Cetesb) e o Ministério Público do Estado (MPE) desconhecem o cenário. O dono do material instalado, Paulo César, tem conhecimento da irregularidade, afirma que o local é provisório e a intenção é montar uma empresa de ecoponto e transformar tudo em matéria-prima novamente.
Weffort explica que, além da possível contaminação na água, os itens que compõem alguns produtos expostos podem atingir a natureza, como é o caso do cobre. "Esses televisores de tubo possuem material altamente prejudiciais. Lâmpadas, por exemplo, atingem diretamente o meio ambiente. Afetando o lençol freático, atinge a água. Cabe ao órgão competente fazer análise do local para saber o real cenário", destaca.
Acrescenta que esse tipo de material precisa estar alocado em espaço adequado. "Não pode chegar e jogar ao mato e pronto. Tudo precisa ser analisado. Eletroeletrônicos são elementos químicos. Isso precisa ser avaliado", frisa.
O órgão responsável por controlar a qualidade da água, ar e solo é a Cetesb. Conforme o gerente da companhia, em Prudente, Luiz Takashi Tanaka, a companhia age mediante denúncias e neste sentido, até então, nada foi recebido. "Não tenho conhecimento sobre o cenário, pois não temos nenhuma reclamação registrada", diz. O Ministério Público Estadual, por meio do promotor Marcos Akira Mizusaki, também desconhece tal cenário e afirma que precisa avaliar para que devidas providências sejam tomadas.
O dono do material reciclável conta que esteve reunido com agentes da Saúde da Prefeitura, anteontem, e assim, está procurando um local adequado. "Tiramos esses itens de locais estratégicos de Prudente e Álvares Machado, como lixões. Quis fazer um bem para o meio ambiente, retirando os itens da natureza, para não prejudicar. Mas sei, que onde estou, também não é correto. Na verdade, ali foi o único local encontrado para guardar o material que tínhamos. No entanto, tenho conhecimento de que preciso sair de lá, pois está próximo de APP ", frisa. Pontua que a empresa ainda não está funcionando e que a intenção é fazer um ecoponto. "Estamos correndo atrás para encontrar um novo barracão, respeitando a legislação", diz.
In loco
O local funciona a cerca de 100 metros das margens do balneário, segundo constatado pela reportagem. O proprietário do barracão, Luiz Antonio Ângelo, conta que alugou o espaço para um terceiro há cerca de três meses. E que já pediu para o inquilino limpar o terreno e evitar problemas. "Esses materiais que aí estão, foram depositados na quinta-feira ou sexta-feira passada", salienta.
Informada pela reportagem sobre a referida situação, a prefeita de Álvares Machado, Francis Policate (PV), enviou um fiscal da Prefeitura para averiguar o caso. Ao fim da tarde, constatada a irregularidade, afirmou, por meio de sua assessoria, que tomará todas as medidas cabíveis para a regularização do local. Acrescenta que há coleta seletiva no município, inclusive, coleta de eletroeletrônico.