Em 2022, cuide da sua vida!

Roberto Mancuzo

CRÔNICA - Roberto Mancuzo

Data 28/12/2021
Horário 06:30

Nada te deixa mais atento do que descer um degrau na cadeia alimentar. Aprendi o efeito real desta frase quando fotografava em uma trilha abandonada no Morro do Diabo e vi rastros bem frescos de onça. Sem armas na mão, restou a mim cuidar da minha segurança, com muita atenção, até estar a salvo de novo. 
E é sobre isso que quero falar hoje como vocês. Há pouco menos de dois anos a pandemia da Covid-19 caiu sobre nossos ombros e fomos retirados da condição de predador e passamos a ser presa. E diria mais: uma presa fácil diante de um inimigo invisível, que tinha armas próprias fortíssimas, mas ganhou mais força ainda com fake news, negacionistas, idiotas de toda sorte que insistiram muito para o vírus se multiplicar.
E hoje, quase na entrada de 2022, o que eu aprendi foi muito mais do que o tal do “novo normal”, expressão vazia de significado e ações, e mais ainda de que a partir da pandemia passamos a ser mais solidários, compreensivos etc. Essa, sim é uma baita conversa para boi dormir. O ser humano é o que é, e não importa a desgraça que ocorra, quem é ruim dificilmente muda.  
De fato, o que tenho certeza mesmo é que cheguei até aqui vivo porque fiz o que devia fazer: cuidei da minha própria vida. 
O mundo não ficou mais difícil para mim, apesar de ter me tirado da zona de conforto. Mas a realidade é que foi pelas minhas decisões conscientes que segui firme: acreditei na ciência; não caí na balela do vírus comunista; não dei ouvidos aos negacionistas, idiotas e analfabetos políticos; esperei pacientemente minha vez pela vacina; me reorganizei no trabalho, cumpri os protocolos da melhor maneira possível e protegi os meus com a sabedoria que foi dada por Deus. Não fui para lá e para cá. Só fiz o que entendi ser o correto.
Isso me lembra uma história de quando recebi uma das primeiras lições sobre ouvir meus próprios instintos e ter mais fé em mim mesmo. Quando levei a minha primeira filha com alguns poucos dias de vida ao pediatra, logo após a consulta eu o enchi de perguntas: “E se acontecer isso? E se acontecer aquilo? E se engasgar? E se estiver magra demais? Eu posso ligar para o senhor? Como te achar logo se precisar?”
Ele me interrompeu e disse: “Se você estiver sozinho com sua filha em uma floresta, irá deixá-la morrer no primeiro acontecimento? Vai deixá-la como fome e sede? Não fará tudo ao seu alcance para mantê-la viva? Então, confie em seus instintos. Você tem sabedoria suficiente para cuidar dela. Quando não puder mais fazer nada, nada, aí sim, venha para nós”.
Enfim, se assim tentei fazer a vida toda, se cuidei da minha vida e sobrevivi a este inferno todo de pandemia, para 2022 esta será ainda mais minha atitude.
Não posso te forçar a fazer igual. Cada um deve ser capitão do próprio destino, como aprendi no filme inesquecível “Sociedade dos Poetas Mortos”. Mas se eu puder lhe dar uma palavra de amizade para o ano que começa daqui uns dias é, com todo respeito: “Cuide da sua própria vida!”. 
 

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