“Olhar com empatia e carinho fazem muita diferença nesse momento tão difícil para os doentes e suas famílias”. É assim que Fabiana Guedes Akaki, médica intensivista da Santa Casa de Misericórdia de Presidente Prudente, descreve a relação entre profissional e paciente que luta contra a Covid-19. No hospital há oito anos, conta que nunca viveu uma situação parecida, mas que tem conseguido atuar de forma profissional e saudável.
Controlar a ansiedade para encarar o desconhecido, angústia, incertezas e medo de contrair a doença e contaminar outras pessoas foram barreiras que precisaram ser derrubadas para que pudesse atender conforme a vocação. O cuidado humanizado é que sustenta a relação com os pacientes. A partir do convívio diário, os laços se estreitam, e qualquer mudança no quadro clínico pode afetar o trabalho se não houver controle.
Quando um paciente perde o combate, o sentimento de tristeza é inevitável. Por outro lado, a médica lembra que a recuperação traz a sensação de “muita felicidade”, assim como observado nos olhares da equipe a cada alta registrada por vídeo nos corredores do hospital. Um exemplo recente da Santa Casa foi a cura do comerciante Florisvaldo Teixeira, que passou 56 dias internado. A recuperação foi acompanhada pela psicóloga hospitalar, Cinthia Damião Andreasi Munhoz, que trabalha com pacientes exclusivos de coronavírus.
“O acompanhei desde a sua admissão”, lembra. “Nestes dias intensos fomos entrelaçando o vínculo afetivo, onde pude exercer com êxito o papel de mediadora, atingindo o objetivo, que é o de amenizar o sofrimento e poder ser a voz da família diante a sua impossibilidade de estar presente fisicamente”, relata. “Assistir de perto a recuperação do paciente não tem preço, sua superação com certeza é a vitória da equipe e de seus familiares”.
No HR (Hospital Regional) Doutor Domingos Leonardo Cerávolo não é diferente. O supervisor de Fisioterapia, James Falconi Belchior, coloca em prática o lado humano e afirma não ser nada fácil administrar as emoções e sentimentos gerados ao longo dos dias de enfrentamento. Ele diz que grande parte dos pacientes têm se recuperado. Mas, que já houve mortes, até mesmo da mesma família, o que abala o emocional.
“É muito triste para todos, inclusive para nós enquanto equipe, que acompanhamos de muito perto tudo isso”. O que motiva James, assim como boa parte dos profissionais ouvidos em outras reportagens a acolherem os doentes, é a força espiritual. “É Ele que tem equilibrado nossa inteligência, emoções e sentimentos”, considera. “A vida de cada um que aqui chega precisando de nossos cuidados nos impulsiona a buscar a excelência e a cura”, e claro, a transmitir o sentimento de empatia.
Fotos: AI da Santa Casa
Fabiana procura olhar com empatia e carinho os pacientes
Cinthia acompanhou paciente de Covid por 56 dias
SAIBA MAIS
Na linha de frente contra a Covid-19: Marcos Scarselli