Energia hidráulica

A água é o recurso natural mais abundante da Terra, com um volume estimado de 1,36 bilhão de quilômetros cúbicos, que recobre dois terços da superfície do planeta, sob a forma de oceanos, calotas polares, rios e lagos. Ademais, pode ser encontrada em aquíferos subterrâneos, tais como o Sistema Aquífero Guarani, que abrange as regiões sul, sudeste e centro-oeste brasileiro. A água também é uma das poucas fontes utilizadas para produção de energia que não contribui para as mudanças climáticas globais, pois é renovável, já que este tipo de energia limpa é produzido pelos efeitos da energia solar e da força da gravidade, que de líquido transforma-se em vapor, que se condensa em nuvens, que retornam à superfície terrestre sob a forma de chuva. Embora, desde a antiguidade, a energia hidráulica tenha sido usada para gerar energia mecânica, nas instalações de moagem de grãos, por exemplo, a partir do século 20 passou a ser aplicada, quase integralmente, como matéria-prima da eletricidade. A primeira hidrelétrica do mundo foi construída no final do século 19, quando o carvão mineral, de origem não renovável, era a principal fonte de energia e as pesquisas sobre petróleo ainda engatinhavam, junto às quedas d’água das Cataratas do Niágara.

Até então, a energia hidráulica da região tinha sido utilizada apenas para a produção de energia mecânica. Na mesma época, e ainda no reinado de D. Pedro II, o Brasil construiu a primeira hidrelétrica, no município de Diamantina, utilizando as águas do Ribeirão do Inferno, afluente do Rio Jequitinhonha, com 0,5 MW (megawatt) de potência e linha de transmissão de dois quilômetros.

Em pouco mais de 100 anos, a potência instalada das unidades aumentou significativamente, chegando a cerca de 14 mil MW, como é o caso da binacional Itaipu, construída em parceria por Brasil e Paraguai, e hoje a maior hidrelétrica em operação do mundo. A energia hidráulica é resultado da irradiação solar e da energia potencial gravitacional, que provocam a evaporação, condensação e precipitação da água sobre a superfície terrestre.

Ao contrário das demais fontes renováveis, representa uma parcela significativa da matriz energética mundial e possui tecnologias de aproveitamento devidamente consolidadas. Atualmente, é a principal fonte geradora de energia elétrica para diversos países e responde por 17% de toda a eletricidade gerada no mundo. A contribuição da energia hidráulica na matriz energética nacional, segundo Balanço Energético Nacional (2003), é da ordem de 14%, participando com quase 83% de toda a energia elétrica gerada no país.

Apesar da tendência de aumento de outras fontes, devido a restrições socioeconômicas e ambientais de projetos hidrelétricos e aos avanços tecnológicos no aproveitamento de fontes não convencionais, tudo indica que a energia hidráulica continuará sendo, por muitos anos, a principal fonte geradora de energia elétrica no Brasil, considerando as microcentrais (CGHs), pequenas centrais (PCHs) e grandes usinas (UHEs).

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