Entendendo a doença de Parkinson

OPINIÃO - Sergio Munhoz Pereira

Data 08/06/2022
Horário 05:00

Nas minhas férias de adolescente, frequentava o sítio da minha bisavó. Lá tinha agricultura, pequenos e grandes animais. Eram férias de lazer, mas também tinha muito trabalho. Lá eu ficava muito intrigado: por que, em pleno verão de dezembro, os primos usavam tantas roupas grossas, com mangas compridas, óculos escuros, máscara facial e chapéu quando passavam veneno nos lindos tomates? Entendi depois que toda aquela paramentação tinha dois objetivos: um era para se protegeram dos raios.
Já são mais de 200 anos desde a descoberta da doença degenerativa de Parkinson e ainda não conseguimos sua cura. Ela continua agredindo especialmente idosos. O outro motivo para toda indumentária que meus primos utilizavam era que, já que usavam venenos agrícolas, ouviram dizer que poderiam, assim, evitar uma doença que dava “tremores”.  
Parkinson, infelizmente, não se atém apenas aos passos lentos, rígidos e trêmulos dos movimentos, mas também traz outros problemas. Em 50% dos pacientes, o quadro pode evoluir para quadros demenciais, alucinações e depressão graves. 
Assim, a história com produtos químicos na lavoura que contei mostra um dos fatores de risco. A idade é outro fator de risco. Pessoas acima de 65 anos estão mais propensas a desenvolverem um quadro. Isso é preocupante, já que movimentos musculares rígidos, diminuição da memória e depressão, sintomas do Parkinson, são uma tríade de um quadro clínico extremamente grave. 
Lembrando que a doença não tem cura e a evolução é gradativa. Mas filhos e netos podem antecipar as complicações. Algumas ações que podem tomar:
1-    Com aparecimento de quaisquer sintomas de tremores, mesmo se a pessoa já os tinha quando mais jovem, deve-se levá-la ao médico para avaliação. 
2-    Se o idoso tiver histórias de trabalho na zona rural, com uso de produtos defensivos agrícolas ou de utilização dos venenos para campanhas contra dengue ou malária, nas cidades, deve-se levá-lo ao médico para avaliação. 
3-    Se tiver instalado o quadro de rigidez muscular, lentidão e dificuldades para sono ou socialização, consultar psicólogo e psiquiatra é fundamental. 
Identificar a doença no início ajuda no controle e adaptação de seus sintomas com mais tranquilidade e cuidado.


 

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