Desde que a Europa fechou suas fronteiras, nenhum país da América Latina teve a entrada liberada, exceto pelo Uruguai. No recente anúncio, onde foi liberado o acesso a 15 países, Brasil e Estados Unidos ficaram de fora, o Uruguai conquistou seu lugar ao sol por ser considerado um país que tem a pandemia sob controle. Vale a pena olhar mais de perto e entender os motivos que levaram ao sucesso da empreitada do nosso vizinho sulista. Trata-se de um país menor e com densidade demográfica reduzida, mas não é este o principal motivo para a diferenciação, segundo especialistas.
Conforme artigo publicado por Amanda Péchy na revista “Veja” de 31 de julho, “o Uruguai acumula alta pontuação em uma séria de indicadores positivos”, é considerado pela revista “The Economist” um país de “democracia completa”. As transições de poder têm sido feitas de “forma organizada, sem traumas e sem risco de o novo governo apagar o que o anterior pôs em andamento e começar tudo de novo.” A pobreza não passa de 3% da população, a classe média é 60% da população: o Uruguai tem a melhor distribuição de renda da América do Sul.
“Seu ciclo econômico é menos volátil do que o de Brasil e Argentina, devido a uma gestão fiscal mais ordenada”, Pedro Isern, diretor executivo do Centro para Estudo das Sociedades Abertas. Todos estes indicadores aliados à liberação dos uruguaios para adentrarem aos países europeus levam a aquecimento imediato de diversas áreas da economia, começando pelos voos internacionais. Os índices de transparência e combate à corrupção são bem melhores do que no Brasil. Estes dados deixam claro que é possível melhorar.
Para o Uruguai controlar a pandemia, é relativamente mais fácil por se tratar de um país menor. Contudo, como diz Griselda Bitta, especialista em Medicina Preventiva da Universidade da República, em Montevidéu “o governo optou por prevenir, em vez de proibir. Confiou na atitude responsável da população”. O resultado é que em maio, 90% dos uruguaios estavam confinados; no Brasil, o melhor indicador foi de 62%. Sabe-se que há um longo caminho para percorrer na conscientização e educação do nosso país, mas o mais importante é que há esperança, um norte, referências para que entremos o mais rápido possível nestas listas seletas de “entrada liberada”.