Nelson Roberto Bugalho/PTB

Douglas Kato Pauluzi/PTB

É indispensável orientar a economia para a inovação

O candidato Nelson Bugalho traz em seu plano de governo propostas visando atrair investimentos para Presidente Prudente. Entre elas, está a implementação de um Centro de Tecnologia e Conhecimento para colocar a cidade em um contexto mais competitivo, a criação de um condomínio digital voltado para "start-ups", além da criação de um Distrito Industrial Tecnológico, com vistas à instalação de empresas com alguma vertente de inovação em sua área de atuação.

 

 

O Imparcial: Na visão do senhor, qual a principal deficiência da capital da Alta Sorocabana e como revertê-la?

O transporte público. Nas visitas que temos feito em toda a cidade essa é a principal reclamação da população. Por isso, temos um plano de mobilidade que já foi aprovado e a Prefeitura está construindo quatro novos terminais urbanos. Precisamos colocar mais linhas com ônibus novos e confortáveis.

 

Dentro de seu plano de governo, qual seria o projeto carro-chefe?

É difícil elencar, pois tracei de modo geral os principais objetivos da Prudente que queremos e cada área tem um projeto principal. É indispensável orientar a economia para a inovação, de modo que possamos atrair investimentos. Se fizermos uma leitura da economia mundial, vamos verificar que já estamos vivendo uma nova revolução industrial, da tecnologia, e Prudente reúne as condições necessárias para atrair investimentos nesta área, desde que o município adote providências. Algumas já foram tomadas, como a sanção da lei que autoriza a devolução de 40% do ISS às empresas de software que investem em capacitação de seu pessoal ou na aquisição de equipamentos em Prudente. Uma das nossas propostas é a criação de um Centro de Tecnologia e Conhecimento, em parceria com várias instituições, com o objetivo de colocar a cidade em um contexto mais competitivo. Paralelamente, propomos a criação de um condomínio digital para as "start-ups" e a criação de um Distrito Industrial Tecnológico, onde só ocorrerá a instalação de empresas com alguma vertente de inovação em tecnologia, que pode ser em várias áreas, desde agronegócio a som automotivo.

 

Qual sua proposta de trabalho na área da educação? Tem metas?

Nós temos o Plano Municipal de Educação, no qual foram estabelecidas várias metas, e vamos segui-las rigorosamente. Entendemos que se faz necessária uma revisão nas práticas de ensino e aprendizagem, desde a alfabetização básica até uma reestruturação do currículo, com a introdução do ensino de lógica e artes, como exemplo. Queremos também o acompanhamento e o monitoramento das ações não apenas dos alunos, mas também a formação e capacitação dos professores. Também é uma intenção construir novas unidades de educação infantil, dentro dos limites orçamentários da própria lei.

 

Como o senhor avalia a gestão compartilhada de escolas, como ocorre hoje por meio do Ciop (Consórcio Intermunicipal do Oeste Paulista)? Se favorável, pretende expandir essa cogestão, caso eleito?

O Ciop e o Instituto SIM já promovem a cogestão de algumas creches, que têm sido acompanhadas e apresentam um bom resultado. Essa é uma forma importante de se conseguir investir mais, sem comprometer o percentual de gasto com pessoal da Lei de Responsabilidade Fiscal, mas ele não deve ser uma prioridade. O município deve ter absoluto controle da educação. A gestão compartilhada existe, é uma realidade, é importante para Prudente, mas não será o foco da nossa administração.

 

O Hospital Regional Doutor Domingos Leonardo Cerávolo iniciou neste mês um novo sistema de assistência referenciada, priorizando casos de média e alta complexidade, considerados graves ou gravíssimos, transferindo ocorrências simples para UBSs (Unidades Básicas de Saúde), ESFs (Estratégias de Saúde da Família), UPAs (Unidades de Pronto-Atendimento) e unidades 24 horas. Como fazer com que as unidades consigam absorver essa demanda?

A atenção básica na saúde é de atribuição do município e ao HR, de fato, cabe os casos de maior complexidade. Pretendemos, portanto, melhorar a gestão do serviço público, já que a demanda vem aumentando também diante da recessão que fez milhares de pessoas deixaram os convênios médicos, o que aumentou a pressão e a demanda do sistema público. É claro que a gente pretende implantar novas unidades no município e pretendemos trazer equipes de saúde da família para atender demandas que já estão reprimidas em bairros e regiões da cidade. Propomos ainda a criação de um Centro de Reabilitação do Idoso e de um Pronto-Atendimento Infantil.

 

Conforme cálculos da Semav (Secretaria Municipal de Assuntos Viários e Cooperação em Segurança Pública), a frota da cidade quase alcança um veículo por habitante. Como sanar essa briga por espaço na malha viária urbana?

Prudente, como a maioria das cidades, não foi pensada para o número de veículos que tem atualmente. A única forma de minimizar o problema de congestionamentos e acidentes é investir no transporte coletivo, melhorar sua qualidade para que as pessoas deixem o veículo em casa. A ciclovia também integra o plano de mobilidade e consiste em um incentivo para que a pessoa use sua bicicleta. A ideia é ter em alguns pontos bicicletários, e também trazer bicicletas compartilhadas. Paralelamente a isso, em alguns locais da cidade é possível que tenha de ser feito um rearranjo, sobretudo na região central e em lugares onde há grande fluxo de veículos, como nas proximidades de algumas escolas em que ocorre congestionamento nos horários de pico.

 

A atual gestão elaborou um Plano de Mobilidade Urbana para os próximos 15 anos. Embora algumas obras estejam em andamento, a aplicação das medidas, em sua maioria, ficará para a próxima administração. Como lidar com o desafio de assumir o encargo destas mudanças e ainda garantir a manutenção do sistema?

O plano contempla muitas medidas, é extenso e foi feito com base em um estudo técnico. Então, temos que dar continuidade e implantá-lo. Não posso abandonar algo que vem sendo feito, só porque não fui eu que concebi. Se ele existe, foi objeto de profundo estudo, deve ser seguido à risca. No entanto, pode ser que durante sua implementação alguma alteração seja necessária por conta de uma circunstância nova.

 

E o transporte coletivo? A proposta em andamento é a abertura de uma nova licitação. O senhor investirá esforços para a remodelação? E quanto à tarifa e qualidade do sistema?

Acho imprescindível o lançamento de uma nova licitação para o transporte público. Isso já foi tentado, o Tribunal de Contas apontou alguns ajustes a serem feitos no edital e me parece que isso já foi equacionado pela Prefeitura. Então, vejo que nos próximos meses isso será efetivado. O preço da tarifa está caro pelo que está sendo oferecido. Se hoje é R$ 3,25, até por conta de uma ação que as próprias empresas impetraram na Justiça, pelo menos a qualidade precisa ser melhor.

 

Como o senhor analisa a implantação dos controladores de velocidade (radares) nas vias de Prudente? Pretende expandir?

Radar existe em todas as cidades, médias e grandes. O limite de 60 km/h está previsto no Código de Trânsito, não é nenhuma novidade, e existem muitos abusos em Prudente. Os dispositivos sofrem muitas críticas, porque consistem em algo novo e a população não está acostumada a ser fiscalizada dessa forma, mas não podemos ignorar os números que foram divulgados recentemente. Acidentes de trânsito com vítimas reduziram 24%, visto que de janeiro a julho de 2015 foram 156, enquanto em 2016 foram 117. Atropelamentos caíram 68% no mesmo período, indo de 22 para 7. Os óbitos por acidente de trânsito em toda a cidade foram de 32 para 8, decréscimo de 75%. A expansão dos dispositivos é possível onde houver necessidade e, obviamente, teremos que estar sempre aferindo se os radares estão funcionando de forma adequada.

Prudente, ao longo dos anos, não conseguiu por fim ao seu lixão. Como resolver este problema?

Chamamos o lixão dessa forma, porque nos acostumamos, mas hoje ele é como um aterro, absolutamente controlado, sendo encerrado dentro de um cronograma aprovado pela Cetesb . Encerrado o lixão, devemos ter um lugar para a disposição final dos resíduos domésticos. A legislação só exige que seja ambientalmente adequada. Se será em aterro próprio ou de terceiro a lei não faz distinção, e a Prefeitura deverá fazer isso. Hoje, na região, o aterro mais próximo é em Quatá, que já está recebendo resíduos de várias cidades.

 

De que forma quer fomentar a economia do município, a abertura de novas empresas e a geração de empregos em meio à queda na arrecadação e recessão econômica?

Uma das nossas principais metas é a criação de um distrito industrial da zona norte, nas proximidades do Morada do Sol, do João Domingos Netto. Isso necessitará de uma logística, pois haverá fluxo de caminhões, precisaremos de uma saída por alguma rodovia e a mais próxima é a Assis Chateaubriand, talvez interligando com a Ângelo Rena. Além disso, Prudente hoje conta com 1,7 mil propriedades rurais aproximadamente, sendo que 80% delas têm até 50 hectares. Precisamos estimular a produção com maior eficiência pelo pequeno produtor, até para que ele permaneça no campo. Pretendemos implantar ainda a Feira da Praça do Mercado, um espaço público na região central.

 

O que o senhor promoverá, no âmbito financeiro, para equilibrar os cofres públicos? Como manter o atual superávit?

A Prefeitura precisa ser eficiente na arrecadação e na prestação de serviços, bem como melhorar a forma como o dinheiro público é gasto. Essa é uma das nossas diretrizes, além de atrair investimentos para a cidade, por meio, por exemplo, da criação da casa de negócios, com o objetivo de levar nossos produtos para fora da cidade, outros Estados e até países.

 

Nos últimos anos, Prudente se tornou canteiro de obras realizadas por meio de parcerias com os governos do Estado e federal, que hoje estão escassas. Como manter o mesmo nível de investimento em um panorama menos favorável, sobretudo com perda de representatividade parlamentar?

Apesar da crise que o país vive, Prudente está conseguindo manter sua folha de pagamento em dia e investir em infraestrutura. Agora passaremos por um momento de maior dificuldade, por conta do ajuste fiscal e da menor disponibilidade de recursos dos governos. Isso se soma ainda a um grande problema, como você mencionou, que é a perda de um deputado estadual muito atuante. Vamos ter que ter criatividade, pelo menos por ora. O arranjo precisará ser mais local, com os recursos que a Prefeitura arrecada.

 

Nas áreas de cultura e turismo, quais projetos de incentivo?

A cultura em Prudente vem sendo bem conduzida ao longo dos últimos anos. O que nós queremos agora é levar as atividades culturais aos bairros, para a periferia, pois hoje estão muito concentradas apenas em alguns pontos da cidade. Vamos retomar o Fentepp , se houver viabilidade econômica. Outras propostas são a reativação do Teatro Procópio Ferreira e a criação de uma escola municipal de dança. Desejamos valorizar e aprimorar a agenda de eventos próprios que constituem o calendário da Setur , elaborar um Plano Diretor constituindo o Contur .

 

Como será sua atuação frente ao Grêmio Prudente? E qual seria sua postura em relação à escassez de recursos e necessidade de investimento nos atletas prudentinos?

Nós queremos realizar várias ações para universalizar o acesso ao esporte e lazer, por meio do desenvolvimento de políticas públicas que garantam a participação de todos, estimulando o desenvolvimento de uma consciência crítica e a melhora da qualidade de vida. Eu fui jogador de basquete e ganhei bolsa de estudo, fui campeão estadual e isso fez uma grande diferença em minha vida.  Queremos implantar o projeto chamado Talento Cidadão, iniciativa dos professores da FCT/Unesp , que visa promover o esporte e a formação de todos os jovens da rede pública.

 

O senhor pretende continuar os projetos desenvolvidos na atual gestão? Por quê?

A ideia é aprimorar programas como o Cidadescola, por exemplo, que é um projeto que dá certo e apresenta muitos resultados. Queremos ampliar a oferta de vagas e de laboratórios pedagógicos, incluindo a robótica e a construção de jogos linguísticos, por exemplo, especialmente em escolas municipais com grandes demandas, como a Rui Carlos Vieira Berbert e a Gisele Dalefi.

 

Qual seu critério para a escolha do secretariado?

É claro que a composição política existe, mas o critério para a ocupação do secretariado é estritamente técnico. Independente de quem seja o secretário, serão estabelecidas metas e ele será cobrado. Nós queremos trabalhar com uma gestão pública de resultados e com um cronograma a ser cumprido.

 

Por qual razão o eleitor deve colocar a máquina pública em suas mãos?

Eu tenho já uma larga experiência no setor público. Antes de ser promotor de Justiça, também tive outras atividades como bancário, cartorário e nos últimos cinco anos fui vice-presidente da Cetesb. Ao longo dos últimos 30 anos sempre me envolvi muito nas questões da cidade, sejam ambientais, urbanísticas e de saúde pública. Isso me preparou para ocupar a posição que eu hoje estou pretendendo. A experiência que eu adquiri nos últimos anos ocupando os cargos que ocupei, o relacionamento que tive com instituições públicas e privadas, as várias esferas de governos e também internacionais, me trazem condições de fazer um bom trabalho como prefeito de Prudente. Também terei a colaboração de Douglas Kato, um jovem que apesar da pouca idade, tem muita experiência, já foi vereador e ocupou cargo no Executivo, uma pessoa muito sensata e capacitada.

 

PREFEITO

Nome completo: Nelson Roberto Bugalho

Nome para urna: Nelson Bugalho

Idade: 53

Estado civil, filhos: Casado, três filhos

Grau de instrução: Mestrado

Ocupação: Promotor de Justiça

Partido: PTB

Coligação: Avante Prudente (PDT, PTB, PSC, PV, PC do B, PHS, PMB, PR, PSDB)

Histórico político/candidaturas: Foi candidato a deputado estadual em 2010 e a deputado federal em 2014

 

VICE-PREFEITO

Nome completo: Douglas Kato Pauluzi

Nome para urna: Douglas Kato

Idade: 31

Estado civil, filhos: Solteiro

Grau de instrução: Ensino superior

Ocupação: Administrador de empresas

Partido: PTB

Coligação: Avante Prudente (PDT, PTB, PSC, PV, PC do B, PHS, PMB, PR, PSDB)

Histórico político/candidaturas: Foi vereador entre 2009 e 2012, ano em que postulou a reeleição