Entrevista Prof. Donizete – Eleições 2016

PRUDENTE - MARIANE GASPARETO

Data 30/08/2016
Horário 09:24

Donizete Antonio Marcelino/ PSOL


André Luis Ferreira da Silva/ PSOL


Só o setor terciário não


 sustenta um município




Jornal O Imparcial Com propostas para incentivar o setor secundário, o candidato a prefeito Donizete Antonio Marcelino, professor Donizete, pretende investir na mão de obra qualificada, fortalecendo o município como um polo moveleiro.

Com propostas para incentivar o setor secundário, o candidato a prefeito Donizete Antonio Marcelino, professor Donizete, pretende investir na mão de obra qualificada, fortalecendo o município como um polo moveleiro. Entre suas propostas, traz a possibilidade de criar uma tarifa zero no transporte coletivo aos finais de semana para trazer a população da periferia ao centro da cidade, criando um circuito cultural que envolva música, feira de artesanato e teatro.

 

 

O Imparcial: Na visão do senhor, qual a principal deficiência da capital da Alta Sorocabana e como revertê-la?


São vários os problemas, mas vejo o transporte como principal, que podemos resolver de uma maneira mais rápida. Não dá para ficar como está porque as licitações estão vencidas e hoje oficialmente não temos nenhuma empresa trabalhando por Prudente. As duas que prestam o serviço o fazem, digamos assim, por um favor. Ou delas ou do poder público, e isso não pode acontecer. Resultado: colocam ônibus na hora que querem e quantos querem, sem obrigação com ninguém. E isso nós vamos resolver no primeiro mês de gestão. Outro grande problema é o desemprego e diante dele temos que gerar renda e postos de trabalho nos primeiros seis meses, por meio de uma ação efetiva. As nossas empresas estão frágeis, temos distrito industrial, mas ninguém quer investir. Faremos parceria com o Senai que, por ano, tem formação de aproximadamente 100 jovens marceneiros. Queremos investir no setor moveleiro, em que há mão de obra, e no setor metal/mecânico, apesar de ser um pouco mais complexo pela distância da capital. Isenção de impostos haverá para que os pequenos negócios capitalizem e vamos incentivar também grandes indústrias. Falta vontade política para que sejamos um polo moveleiro.

 

Dentro de seu plano de governo, qual seria o projeto carro-chefe?


Nosso carro-chefe é a geração de renda, o projeto de grande monta será o povo moveleiro, que é condição "sine qua non" para que possamos governar.

 

Qual sua proposta de trabalho na área de educação? Tem metas?


Como professor, vejo que quando o aluno sai do ensino municipal e vai para as unidades do Estado, ele apresenta uma deficiência grande na aprendizagem, coisas que não conseguiu aprender nos primeiros anos. Isso acontece porque existe a reclamação corrente de que as escolas têm muitas atividades extrasala e o intrasala está deficiente. Os professores não estão mal formados, mas necessitam de um treinamento mais constante, sobretudo, na prática, de modo que surta efeito no médio prazo para que o aluno seja alfabetizado.

 

Como o senhor avalia a gestão compartilhada de escolas, como ocorre hoje por meio do Ciop (Consórcio Intermunicipal do Oeste Paulista)? Se favorável, pretende expandir essa cogestão, caso eleito?


Sou terminantemente contra. Escola é responsabilidade do município e não deve ser terceirizada para ninguém. A Prefeitura é responsável pelos alunos que está formando, até porque a base de qualquer nação é a educação.

 

O Hospital Regional Doutor Domingos Leonardo Cerávolo inicia a partir de 1º de setembro um novo sistema de assistência referenciada, priorizando casos de média e alta complexidade, considerados graves ou gravíssimos, transferindo ocorrências simples para UBSs (Unidades Básicas de Saúde), ESFs (Estratégias de Saúde da Família), UPAs (Unidades de Pronto-Atendimento) e unidades 24 horas. Como fazer com que as unidades consigam absorver essa demanda?


Eu acho que a função do HR é essa mesma, de cuidar dos casos de alta e média complexidade. Casos simples precisam ser atendidos pelo município. Por isso vamos aparelhar as unidades municipais com equipamentos para exames mais complexos, pois não podemos repassar toda a responsabilidade para o governo federal. É muito simples apenas repassar o problema. Vamos intensificar a medicina da família e aumentar as equipes para visitar as casas, de modo que a pessoa será medicada primeiro em sua residência e, se necessário, encaminhada à unidade municipal mais próxima. Apenas nos casos mais graves, o paciente precisará recorrer ao HR. Primeiro o foco é na medicina preventiva, depois a curativa.

 

Conforme cálculos da Semav (Secretaria Municipal de Assuntos Viários e Cooperação em Segurança Pública), a frota da cidade quase alcança um veículo por habitante. Como sanar essa briga por espaço na malha viária urbana?


Quando atingimos quase um veículo por habitante fica evidente que o transporte público é deficiente. Nosso problema é mobilidade urbana, então, vamos investir na eficiência dos ônibus para diminuir o tempo de espera no ponto - que hoje é de mais de uma hora - para 15 minutos. Em primeiro plano faremos linhas radiais, que saiam do terminal urbano e sigam para o João Domingos Netto, por exemplo, no extremo da cidade, até a Vila Nova Prudente e ao Ana Jacinta. E serão ônibus biarticulados.

 

A atual gestão elaborou um Plano de Mobilidade Urbana para os próximos 15 anos. Embora algumas obras estejam em andamento, a aplicação das medidas, em sua maioria, ficará para a próxima administração. Como lidar com o desafio de assumir o encargo destas mudanças e ainda garantir a manutenção do sistema?


Entre as medidas em andamento está a construção dos terminais urbanos nas zonas leste, oeste, norte e sul, mas eu tenho visto os locais em que estão sendo implantados esses empreendimentos e não aprovo. Há coisas que precisam ser mudadas, por isso, temos que ver esse plano que a atual gestão elaborou e se não concordarmos, vamos alterá-lo. É complicado fazer um projeto para 15 anos apenas com base na vontade de uma gestão.

 

E o transporte coletivo? A proposta em andamento é a abertura de uma nova licitação. O senhor investirá esforços para a remodelação? E quanto à tarifa e qualidade do sistema?


A tarifa está altíssima e o transporte está péssimo. Em São Paulo, o ônibus é R$ 3,50 e você roda 50 km dentro de uma linha, agora aqui a R$ 3,25 é exagero. A princípio pensamos em dar fim à forma como as empresas estão trabalhando e municipalizar o transporte coletivo, pois assim sabemos que ninguém mais cobrará valores absurdos para transportar passageiros. Queremos também propor tarifa zero ou tarifa social aos finais de semana e feriados. Isso representará quase nada em termos orçamentários e precisamos trazer as pessoas para o centro da cidade.

 

Como o senhor analisa a implantação dos controladores de velocidade (radares) nas vias de Prudente? Pretende expandir?


Ao contrário, pretendo eliminar, porque radar é uma maneira hipócrita de roubar e cobrar de todos algo que não foi feito. Trânsito é educação e eu sei como professor que se educarmos os jovens sobre como devem se comportar, respeitando o pedestre, o limite de velocidade e a legislação, não precisaremos implantar radares. Além disso, ocorreu o "erro" de aferição de um aparelho neste ano que não foi um erro, mas um roubo. Essas máquinas de tirar dinheiro do contribuinte são uma vergonha.

 

Prudente, ao longo dos anos, não conseguiu por fim ao seu lixão. Como resolver este problema?


Primeiro promoveremos a educação por meio da coleta seletiva, pois o grande vilão dos lixões do mundo é o plástico. Diante disso, vamos educar a população para que evite a garrafa pet usando recipientes de vidros. Vamos ainda incentivar as cooperativas na atuação da coleta seletiva e temos um plano de criar uma usina de compostagem para o lixo orgânico da cidade, para ser utilizada em conjunto com os municípios vizinhos, por meio de consórcio. Ela resultará na criação de adubos que poderão ser utilizados em hortas comunitárias e municipais, pois Prudente tem muitos terrenos baldios e incentivaremos os donos a criar hortas comunitárias para não precisar pagar um imposto mais caro.

 

De que forma quer fomentar a economia do município, a abertura de novas empresas e a geração de empregos em meio à queda na arrecadação e recessão econômica?


A recessão econômica é passageira. Nos últimos 40 anos nenhum prefeito olhou com atenção para a geração de emprego em Presidente Prudente. Por isso, vamos estudar como trazer novas indústrias e criar o polo moveleiro para gerar empresa, isentando de impostos micro e pequenos empresários, gerando uma cadeia de fornecedores para atender as grandes empresas. Dessa forma, surgirá uma movimentação econômica que fomente um comércio solidificado. Só o setor terciário não sustenta um município.

 

O que o senhor promoverá, no âmbito financeiro, para equilibrar os cofres públicos? Como manter o atual superávit?


Com todos os problemas de Prudente ainda permanece o superávit? Isso é porque alguma coisa não está sendo feita. O que precisamos é zerar as dívidas, investir, para não sobrar dinheiro na Prefeitura. Hoje, a classe mais pobre trabalha pela mais rica. Devemos girar a economia e a única forma de fazer isso é com a instalação de indústrias.

 

Nos últimos anos, Prudente se tornou canteiro de obras realizadas por meio de parcerias com os governos do Estado e federal, que hoje estão escassas. Como manter o mesmo nível de investimento em um panorama menos favorável, sobretudo com perda de representatividade parlamentar?


A representatividade parlamentar já não era tão forte como precisávamos, o dinheiro do governo federal via PAC , se foi bem investido, a população não está vendo, não chegou até ela. A cidade vai ter que cair na real entendendo que vinha dinheiro e agora não vem mais. Vamos ter que mudar o nosso sistema com a geração de renda aqui no município, por meio das medidas econômicas supracitadas.

 

Nas áreas de cultura e turismo, quais projetos de incentivo?


Vamos movimentar o turismo no centro por meio da tarifa zero, que trará a população da periferia para o município. A população terá a Praça Nove de Julho para si aos finais de semana, incentivando a criação de uma feira de artesanato para a exposição dos produtos manufaturados no município, para gerar renda e movimentar a economia naturalmente. Hoje, lamentamos a não realização do Fentepp (Festival Nacional de Teatro de Presidente Prudente), que há mais de 20 anos é promovido e não ocorreu por falta de recursos. A classe teatral está chorando e nós fazemos coro, nos solidarizamos. Retomaremos o Fentepp e ainda faremos festivais de música aos finais de semana, os artistas, poetas e cantores, todos terão espaço.

 

Como será sua atuação frente ao Grêmio Prudente? E qual seria sua postura em relação à escassez de recursos e necessidade de investimento nos atletas prudentinos?


A Prefeitura só tem obrigação de investir no esporte amador. O Grêmio Prudente é profissional e todo clube profissional precisa ser empresa. Vamos apoiar apenas, no entanto, todos os atletas amadores de Prudente e os paratletas.

 

O senhor pretende continuar os projetos desenvolvidos na atual gestão? Por quê?


Se o projeto for bom, vamos apenas melhorá-lo. Se for de qualidade duvidosa, vamos tentar consertá-lo, caso não seja possível descontinuá-lo. Mas vamos apoiar todos os projetos, desde que sejam bem elaborados.

 

Qual seu critério para a escolha do secretariado?


Convidaremos as melhores cabeças da cidade, não importando de qual partido sejam. Estamos vindo sem coligação, mas vamos chamar os melhores técnicos de sua especialidade para as pastas de sua área. Nossa gestão será para o povo, popular verdadeiramente. Temos já alguns nomes estudados, pessoas que temos conversado, e vamos chamar os melhores.

 

Por qual razão o eleitor deve colocar a máquina pública em suas mãos?


Estou me candidatando, porque pretendo romper com o círculo vicioso que existe na política da cidade. O eleitor pode confiar em mim. Sou professor, cursei seis universidades e sou mestre. Com a classe de professores ao meu lado ficará difícil errar. Os eleitores podem analisar cada candidato, verificar o envolvimento de cada um com o sistema vigente e analisar em quem votar. O meu compromisso é com o bem do serviço público.

 

PREFEITO


Nome completo: Donizete Antonio Marcelino

Nome para urna: Prof Donizete

Idade: 60

Estado civil, filhos: Casado, dois filhos

Grau de instrução: Superior completo

Ocupação: Professor

Partido: PSOL

Coligação: Sem coligação

Histórico político/candidaturas: Foi candidato a vereador em 2012 e a deputado federal em 2014

 

VICE-PREFEITO


Nome completo: André Luis Ferreira da Silva

Nome para urna: Prof André Ferreira

Idade: 41

Estado civil, filhos: Solteiro, um filho

Grau de instrução: Superior completo

Ocupação: Professor

Partido: PSOL

Coligação: Sem coligação

Histórico político/candidaturas: Pela primeira vez pleiteia um cargo público

 

 

 
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