Família deve se atentar aos idosos com depressão

Doença na terceira idade é identificada por alterações no estado de humor, falta de ânimo, tristeza e perda de interesse em coisas que gosta de fazer

PRUDENTE - PÂMELA BUGATTI

Data 28/12/2018
Horário 07:28
Andressa Fernandes/Cedida -  “Minha neta percebeu que eu estava abatida e me levou ao especialista”, diz Quitéria
Andressa Fernandes/Cedida - “Minha neta percebeu que eu estava abatida e me levou ao especialista”, diz Quitéria

Depressão é uma doença psicológica desencadeada por diversos fatores, que atinge cerca de 15% da população, segundo a psicóloga Luciana de Paula Alves. Ela acrescenta que a taxa de suicídio (que está relacionada à patologia) é maior em idosos com mais de 70 anos. Nessa faixa etária, foram registradas, em média, 8,9 mortes por 100 mil pessoas nos últimos seis anos. A média nacional é 5,5 por 100 mil, expõe a profissional.

A depressão na terceira idade é identificada por alterações no estado de humor, falta de ânimo, tristeza e a perda de interesse em coisas que gosta de fazer. O comportamento se manifesta de maneira pessimista, desesperançosa, com dificuldade de concentração e um recorrente desejo de morrer. O caso clínico não deve ser visto como algo comum. “As pessoas veem como algo comum no idoso, mas não deveriam. É possível que se tenha uma velhice saudável, mas, infelizmente, a quantidade de idosos com depressão nessa faixa etária está aumentando cada vez mais”, declara Luciana.

O psicólogo da saúde, Davi Alex Araújo Silva, por sua vez, aponta ainda que entre os principais indícios da depressão está a anedonia, que consiste na perda da vontade de sentir prazer, fazendo com que as coisas que antes traziam satisfação e sentido deixem de ser relevantes na vida das pessoas. Para a terceira idade, a diferença é que os sintomas psicossomáticos são mais frequentes e associados a dores no corpo, insônia e falta de apetite. As pesquisas separam a depressão na terceira idade em dois grupos: idosos que não tinham a doença antes de entrar na faixa etária e os que já tinham um histórico depressivo. Davi explica que, na terceira idade, a angústia e a ansiedade ficam menos evidentes do que em outras fases da vida. “O paciente não vai ser tão choroso e sim um paciente apático, com pouca expressão.”

Luciana lembra que é importante envelhecer com saúde, e isso deve ser pensado quando ainda se é jovem, para que cuidados sejam tomados no decorrer da vida. O diagnóstico e o tratamento precoce podem ajudar na prevenção e na diminuição dos sintomas. O médico geriatra José Eduardo Pinheiros fala que a depressão na terceira idade apresenta uma tristeza prolongada. Existe um conjunto de sinais e sintomas, que interferem na qualidade de vida profissional, mental e na interação social, gerando também problemas físicos.

“No idoso existe uma depressão mascarada, pois o paciente não verbaliza as queixas emocionais, que podem vir disfarçadas de sintomas clínicos, assim como alterações no apetite, ritmo de sono. O emocional interfere indiretamente no controle e na manifestação das outras doenças”, explica o geriatra. Ele acrescenta que a depressão é uma doença e como tal merece um tratamento médico que envolve apoio psicoterápico e uso de medicamentos.

Importância da família

A aposentada Quitéria da Silva, 80 anos, foi identificada com o quadro clínico. A neta, que é formada em Psicologia, começou a perceber as características que a avó demonstrava como desânimo e falta de apetite. “Como eu tinha afazeres da casa, eu me forçava a fazer, só que isso me gerava mais cansaço. Eu não tinha vontade de comer e sentia muita tristeza”. Quitéria explica que a depressão surgiu em abril de 2018, quando ficou internada devido a uma infecção no intestino. A aposentada então percebeu que se sentia mais “feliz” no hospital do que em casa, pois conversava com todos que passavam pelo seu quarto e não se sentia sozinha. Ao sair do hospital, ela buscou a ajuda de um especialista, e foi medicada.

Para o geriatra José Eduardo, a família deve ter um olhar acolhedor e integrado, resgatando a potencialidade e tentando fazer com que o idoso volte a se integrar no meio familiar e social, executando por conta própria algumas tarefas. Já a psicóloga Luciana especifica que é extremamente importante que a família observe e fique atenta aos sintomas, visto que o quanto antes a doença for diagnosticada e tratada, mais rapidamente o idoso retoma sua vida com mais qualidade.

Publicidade

Veja também