Festa de formatura

OPINIÃO - Raul Borges Guimarães

Data 21/02/2021
Horário 05:00

Na minha época de graduação, havia no Brasil uma ditadura militar. A minha turma fazia a resistência dentro da universidade e não achávamos que erm importantes as cerimônias de formatura. Nossa turma colou grau no balcão da Seção Técnica Acadêmica e apenas saiu para comer uma pizza com alguns professores mais próximos. Eu aprendi a valorizar a cerimônia de formatura aqui na Unesp de Presidente Prudente. 
Temos poucas oportunidades de congregar numa mesma reunião todos os segmentos da nossa comunidade, especialmente os pais e amigos dos formandos que nos prestigiam com forte presença nas cerimônias de formatura. Sabemos que muitos dos formandos são os primeiros da família e de sua comunidade a concluírem o ensino superior. Isso representa uma conquista muito grande porque é um exemplo de superação, de dedicação. Enfim, as festas de formatura reforçam a esperança que esses jovens possam se desenvolver, se fortalecer e ocupar todos os cantos do nosso país com criatividade, com novas ideias, com senso crítico, com a força e energia necessária para as mudanças que o país precisa e nunca alcança.
Desde o ano passado, as festas de formatura foram sendo desmarcadas. Obviamente, tais aglomerações são impossíveis de ocorrer em plena pandemia. Não estamos em tempos de festas, de comemorações, mas de cuidarmos dos doentes. Tempo de silêncio em respeito às vidas perdidas e à dor dos familiares e amigos mais próximos. 
Mas nessa semana eu fiquei pensando nas festas de formatura que estariam ocorrendo no mês de fevereiro e me lembrei da última grande formatura que eu participei, quando fui escolhido como patrono das turmas de formandos de Ciências Humanas da FCT/Unesp de 2018. Foi uma noite especial. Em meu discurso, eu tive a oportunidade de rever algumas experiências realizadas com meus alunos de Geografia, mas também as situações que estive com as turmas da Arquitetura e da Pedagogia. Tive a oportunidade de reafirmar uma série de valores que procuramos compartilhar durante nossa convivência. Afinal, somos contra quem prega qualquer tipo de violência e faz apologia à tortura e ao autoritarismo. Somos a favor da preservação ambiental, do Pacto de Paris, da demarcação das terras indígenas. Somos a favor do amor, da diversidade, do respeito, da igualdade social e do feminismo (que protege a mulher contra todos os tipos de violência a qual está submetida). 
Lembramos também que o Brasil é laico e todas as religiões merecem respeito, inclusive as religiões afro-brasileiras e quem não tem religião nenhuma. Enfim, somos pró-família (independente de sua constituição) e das bandeiras do movimento LGBT+, das minorias étnicas, dos camponeses e das comunidades tradicionais. Mesmo sem as festas de formatura deste ano, espero que nossos formandos nunca se esqueçam da canção de Milton Nascimento:

"Se um dia você for embora
Ria se teu coração pedir
Chore se teu coração mandar
Mas não esconda nada
Que nada se esconde
Se por acaso um dia você for embora
Leve o menino (e menina) que você é”
 

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