Confesso que não tenho medo da morte. Tenho pavor! Talvez o medo seja causado por todo aquele ritual em torno da Velha da Foice, como diz o Xico Sá, referindo-se à morte. Para onde vamos depois que batemos as botas e outros calçados? Acaba tudo ou entramos no lado do mistério? Uma coisa é certa: a morte é inevitável - ou infalível - e da qual não conseguimos escapar.
Aliás, convém lembrar Benjamin Franklin, o inventor do para-raios: "Neste mundo, duas coisas são infalíveis: os impostos e a morte". É verdade, mas no Brasil há ricos suspeitos de sonegação que raramente são incomodados pelo leão da Receita Federal e, assim, escapam dos impostos. Já do cerco da Velha da Foice ninguém escapa.
Se me permitem uma metáfora, a morte é a hora de a onça beber água? Parece que sim. Ainda bem que pessoas notáveis nos consolam e, principalmente, nos orientam. Chico Xavier deixou claro que não somos finitos - ou finados - e outros líderes espirituais também abordaram o tema com competência e, pelo jeito, com conhecimento.
"Morte, onde está a tua vitória?", perguntou São Paulo em uma de suas famosas epístolas. Acho que isso nos conforta e quem sou eu para duvidar de um santo tão importante. Dom Paulo Evaristo Arns, o grande cardeal de São Paulo na época da ditadura militar, disse numa missa de Finados que "não há homem morto diante de Deus".
Mais importante ainda foi o que falou Jesus Cristo, afirmando categoricamente que "na casa de Meu Pai há muitas moradas". Se não duvido do apóstolo Paulo, vou duvidar de Jesus? Aliás, quem sou eu, um Baixíssimo, para duvidar do Altíssimo? Penso cá com meus botões que as "muitas moradas" citadas por Jesus devem ser planetas habitados nesse vasto universo, que só não é maior do que o desemprego no Brasil e o drama dos imigrantes na Europa.
Li que só na Via Láctea, com 150 bilhões de estrelas e inúmeros planetas, há milhões de civilizações. Portanto, meus cupinchas, são "muitas moradas", como avisou o Mestre. Certamente iremos habitar esses mundos, admiráveis mundos novos.
Quero também lembrar o que disse o jornalista e humorista americano Art Buchwald momentos antes de partir deste insensato mundo em 2007. "Nunca pensei que morrer fosse tão divertido", disse ele em seu leito de morte. Tremendo gozador? Ironia numa hora dessas? Acho que não. Buchwald, que criticava sem destruir ninguém, deve ter visto algo deslumbrante antes de fechar os olhos e partir em paz.
PS.: Tem aquela do Mick Jagger. A morte estava sozinha numa casa bem-assombrada quando o roqueiro entrou. "Vim te buscar", avisou Jagger. Bom lembrar: por causa das drogas, alguém disse que Mick Jagger não viveria muito tempo. Hoje é um setentão.
DROPS
Filme da semana no Cine Brasil: "Butantan contra Tantã", estrelando grande elenco cafona e sem noção.
Os entreguistas ainda não entregaram tudo. Falta entregar o povo.
Fotografamos dois patinhos na lagoa: 22
Clicamos a escada de um degrau: H
Retrato de um estoque de pneus: 88888