Fio de navalha

A adolescência não é uma fase de transição fácil de atravessar. Encontramos muitos percalços, obstáculos, angústias e um profundo desespero. É uma constante busca por um local de refúgio para esconder e se esconder de todas as transformações biopsicossociais abruptas, do dia a dia. Paradoxalmente caminham entre a onipotência e a impotência.

Em um momento, tudo pode outro tudo pede. Dividindo alguns pensamentos frequentes do adolescente: - “Como ser? Onde ficar? O que fazer com meu corpo? O que fazer com meus pelos? O que fazer para disfarçar minhas espinhas? Como controlar meus impulsos libidinais que se encontravam adormecidos? O que fazer com esse ciclo menstrual que insiste em voltar todo mês? E essa angústia de um pensamento acelerado? Não paro de me olhar no espelho, que ambiguidade! Ora me acho magro, ora me acho obeso. Que bipolaridade!

Quero me trancar no quarto ou sair para ver todo mundo! Por que minha amiga tem tantos paqueras e eu não? Esse corpo magro sem formato, será que existe algo mágico para eu ficar bombado? Nossa, como fazer para crescer logo e entrar na balada, falsificar minha identidade ou roubar a identidade de minha mãe? Será que fico com meninas ou fico com meninos? Gosto dos dois.

Vieram falar do tal de gás de buzina para eu inalar ou aspirar que dá um barato muito legal. Congela os pulmões por segundos e fica em viagem alucinando. E o que fazer com tanta vergonha? Não consigo olhar nos olhos das pessoas. E essa angústia de não me sentir vivo? Sabe que às vezes preciso me cortar para ver o sangue jorrando para aí sim, me sentir vivo!

Não entendo meus pais, quando tenho atitude de gente grande, me repreendem falando que nem saí dos cueiros. Quando reajo de forma infantil, puxam as orelhas para eu acordar e que já cresci. Ah, meus pais que me desculpem, mas amo mais meus amigos do que a eles. Não são mais importantes para mim. Eles ficaram fora das minhas escolhas. Quando estou em casa fico só trancada no meu quarto, eles não me entendem. Sabe que às vezes namoro a morte? Tenho vontade de me matar”.

Devemos estar sempre atentos ao comportamento dos jovens adolescentes. Mesmo quando estão horas fechados em seu quarto quietos. Muitas vezes ficamos tranquilos por eles não terem saído de casa, mas as piores situações nem sempre estão fora de casa e sim dentro de suas mentes confusas e persecutórias, inerentes à fase de adolescência. Há um universo de pensamentos dentro de uma mente. Pais fiquem vigilantes.

 

 

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