Governo deve fugir das soluções óbvias, em busca de sair da crise

EDITORIAL - Da Redação

Data 31/12/2018
Horário 04:00

De forma completamente inesperada aos usuários a Cart (Concessionária Auto Raposo Tavares) anunciou ontem o segundo reajuste no ano para as praças de pedágio na região, situadas na Rodovia Raposo Tavares (SP-270). A partir de hoje (31) quem utiliza a pista deverá desembolsar valores até 7,57% maiores do que os que até então eram pagos. Segundo a empresa, essa majoração corresponde aos reajustes anuais de tarifas previstos para os anos de 2013 e 2014, que não foram integralmente concedidos à época.

Contudo, a medida pegou os moradores do oeste paulista de surpresa, visto que em julho deste ano a Artesp (Agência Reguladora de Transportes) já havia autorizado reajuste de até 3,2% nas praças da região, sendo este o segundo acréscimo apenas neste ano. É evidente que com a inflação crescente de 2015 até hoje que os custos para a manutenção do transporte rodoviário têm crescido a galopes. Porém, infelizmente a qualidade da pista não tem sido mantida mesmo diante dos constantes reajustes. A situação reverbera deficiência evidenciada por nesse período de crise econômica na relação entre o Poder Público e a iniciativa privada. Com a perda de lucratividade das empresas, o governo para tentar estimular a economia optou por uma série de desonerações, ampliação do acesso ao crédito e inclusive pela reforma trabalhista no intuito de diminuir os encargos do setor para que isso “voltasse” em investimento, resultando no longo prazo em geração de emprego e renda. 

No entanto, a prática tem demonstrado que ao invés de injetar mais dinheiro e ampliar os negócios os empreendimentos, por conta da insegurança, optam por reduzir as despesas e tentar manter um certo nível de produtividade e voltar à margem de lucro anterior. Desse modo, todo esse gasto do erário público tem sido em vão, visto que os empresários não “cumpriram” a sua parte do acordo tácito que foi firmado. As responsabilidades sociais implícitas foram ignoradas e para piorar, ao priorizar o “amparo” ao mercado o governo preciso abrir mal de investimentos públicos em infraestrutura e não conseguiu ampliar a verba destinada a serviços como Saúde e Educação, viabilizando uma melhor na qualidade dessas áreas. 

Com isso os trabalhadores – sobretudo aqueles que dependem diretamente dos serviços públicos e gratuitos - se tornaram ainda mais vulneráveis e frágeis. É importante prestar atenção às políticas adotadas pelos governos e acompanhar seu desenvolvimento para atestar ou não o seu sucesso. Algo que a priori pareça benéfico à população (como menos impostos para a abertura de mais empresas) pode acabar “saindo pela culatra”. Uma gestão inteligente foge da sedução das soluções fáceis e milagrosas, dos caminhos “óbvios” e dos paliativos, buscando adotar medidas que tenham amparo em estudos técnicos e análises empíricas.

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