Locadoras de Prudente e região se reinventam para continuar atuantes

VARIEDADES - Oslaine Silva

Data 03/01/2016
Horário 06:15
 

Segundo dados do Sindicato das Empresas Videolocadoras do Estado de São Paulo, entre 2005 e 2010, mais da metade das locadoras fechou as portas. Isso porque o setor de locação de filmes vem sendo duramente atingido por conta da expansão da pirataria e de serviços de streaming. Fato este que se comprova hoje na região, inlusive com o fehamento de um desses estabelecimentos em Presidente Prudente, a Gold Vídeo Locadora, que fica na Rua 12 de Outubro, 1.104, no Jardim Aviação. A partir desta semana, a loja estará aberta apenas para liquidar o acervo com filmes a partir de R$ 5,90.

De acordo com o proprietário, Valter Maçanobu Takenaka, 52 anos, até poucos dias, o estabelecimento contava com mais ou menos 9 mil mídias. O comerciante conta que atua no mercado desde 20 de março de 2003, e apesar de estar encerrando suas atividades no ramo, entende que "a vida é um ciclo, em que termina um e inicia outro! E o mercado de tecnologia evoluiu muito... se analisar o quanto eu faturava em períodos de auge até os dias de hoje, tivemos uma queda de 70%", ressalta.

 

Fatores essenciais


Valter enfatiza que a parte boa que vai ficar de todo esses tempo são as amizades verdadeiras que foram construídas. Ele pontua que um dos fatores dessa decadência foi a própria economia, onde as pessoas cada vez mais estão tendo dificuldade em gastar dinheiro. "E não vejo nenhuma expectativa positiva para um mercado futuro. Sinceramente não enxergo um mercado próspero e por mais que a economia reaja as videolocadoras não têm condições de se manter. Prefiro assim, fechar de forma saudável. Melhor do que manter uma atividade e ter problemas financeiros futuros", declara.

Outro ponto que menciona como um fator determinante para o fechamento da locadora é que por conta de trabalhar apenas ele e a família, a carga horária, de segunda a sábado, era muito puxada.

 

Inovações


Também atuante há 13 anos, a Twister Locadora e Lan House em Regente Feijó, é uma das poucas locadoras que ainda estão em atividade. Segundo  o proprietário Reinaldo Nonaka, 39 anos, a diminuição das locações de filmes se acentuou mesmo em 2008.


Percebendo a situação de risco, ele se adaptou e remodelou o local, onde montou também uma lan house, tipo de negóio que para ele abre um leque para vários serviços, como cópias, etc, uma contrapartida para driblar a queda da locadora.


"Com relação a anos atrás, antes de 2008, em que o movimento era intenso, deixei de ganhar uns 30%. Mas ainda temos até hoje as crianças como público fiel que adora desenhos; aqueles que não abrem mão de uma boa ação e aventura, comédia e comédia romantica. Temos perfis diversos de clientes: amantes de filmes que tenham qualidade do original; sempre antenados com lançamentos, e aqueles que não têm facilidade em mexer com a internet", salienta.

Reinaldo expõe que hoje os maiores concorrentes das locadoras são as TVs por assinatura e o canal de streming, Netflix. "Era difícil lidar com a pirataria, mas não chegava nem na metade do que perdemos com esses concorrentes diretos. Mas, apesar de não ter expectativa nenhuma de que melhore o cenário, pretendo continuar", acentua Reinaldo.

 

Duas décadas


Inovação é a palavra chave para o segredo de 22 anos da Stop Vídeolocadora, que é de Pirapozinho e já foi uma das mais procuradas em Prudente onde tinha uma filial. Laerte Dinallo Zoccoler, 50 anos, confirma que a derrocada das locadoras foi exatamente por volta de 2005. De lá para cá ele veio dando uma nova cara a sua loja e acabou a tranformando em um magazine, onde além dos filmes oferece aos clientes opção de compra de presentes como roupas, perfumes, brinquedos, etc.

"Com a transição da fita cassete para o DVD ocorreu um ‘boom’, e quem estava desanimado voltou às locadoras. Mas, a alegria durou pouco tempo, pois logo veio a pirataria, que em fita era mais difícil, mas em CD muito fácil", menciona.

Segundo Laerte, é mais dificil uma locadora se manter em grandes centros do que em cidade menores. Isso porque na sua visão não é mais a pirataria que reina, mas sim, as transmissões instantâneas de dados de áudio e vídeo através de redes.

"Outro ponto desleal é a questão de que só podemos disponibilizar um filme na locadora  depois que tenha sido reproduzido no cinema. Por exemplo, ‘Star Wars’ está em cartaz agora, daqui até aqui até março quem não vê-lo no cinema busca em canais pagos, dentre outras acessíveis. Se tivéssemos nas locadoras a maioria certamente viria até nós", destaca.
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