Os médicos que atuam nas unidades de saúde de Presidente Prudente começaram a aderir ao movimento grevista dos servidores municipais. Ontem, os médicos que atuam na UBS (Unidade Básica de Saúde) do Jardim Guanabara cruzaram os braços e a tendência, segundo a presidente do Sintrapp (Sindicato dos Trabalhadores no Serviço Público Municipal de Prudente e Região), Ana Lúcia de Mattos Flores, é que outros engrossem o movimento com o passar dos dias. De acordo com ela, a média de funcionários que estão com os trabalhos paralisados é a mesma de segunda-feira, quando o movimento foi iniciado, cerca de 500 pessoas. "É uma média. Não temos um percentual exato. Alguns entram, outros saem, mas percebemos que a causa tem ganhado força e esperamos que o número aumente já nesta quarta-feira", relata.

Servidores grevistas voltaram ontem ao Paço Municipal

Ainda segundo Ana Lúcia, a população não deverá ficar desamparada com atendimento médico, porque as UBSs e ESFs (Estratégias Saúde da Família) não atendem urgência e emergência, e ainda há os PAs (pronto-atendimentos) da Prefeitura, assim como as UPAs (Unidades de Pronto-Atendimento) para atender demandas de pequena e média gravidades.

No segundo dia de greve, os funcionários e membros do sindicato se reuniram novamente no Paço Municipal, e, no fim da tarde, realizaram nova assembleia, que optou por permanecer com as atividades paralisadas. O Sintrapp pretende distribuir hoje um material explicativo sobre as razões da greve pelo centro da cidade, com informações sobre como o comércio e os demais setores financeiros poderão ser afetados com a redução da circulação de dinheiro com o corte dos benefícios. "Vai acabar impactando em outros setores, consequentemente. Nosso movimento é legal, responsável e todos os nossos atos são feitos de acordo com as leis", destaca a sindicalista.

Uma nova assembleia deverá ser realizada às 16h de hoje para definir os próximos passos.

 

Prefeitura

A reportagem procurou pela Prefeitura para repercutir o movimento grevista, e, em nota, a Secom (Secretaria Municipal de Comunicação) informa que a posição da administração municipal continua a mesma. "Até hoje tivemos apenas 20 funcionários da ativa em greve, como ocorreu no primeiro dia, ao contrário do número divulgado pela sindicato", expressa. Sobre os médicos, a pasta informa que somente 4 de 120 profissionais estão paralisados até o momento.

A secretaria expõe ainda que a greve é "inoportuna e irresponsável". "Nenhum funcionário deixou de receber o adicional de 65% e nem qualquer aposentado deixou de receber o tíquete-alimentação", reforça. A Prefeitura está recorrendo da decisão do TJ-SP (Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo), que deu prazo até o dia 3 de novembro para extinguir os benefícios. Contudo, espera-se reforma da sentença junto ao STF (Supremo Tribunal Federal), a quem caberá receber o recurso. Mesmo que a administração municipal decidisse pela incorporação destes benefícios, a lei eleitoral impede qualquer projeto neste sentido até outubro, expõe a secretaria.

 

Reivindicação

Como já informado em O Imparcial, os servidores reivindicam a manutenção do abono de 65% dos cargos técnicos de nível universitário e também do vale-alimentação para os aposentados e pensionistas. Ações de inconstitucionalidade movidas pela PGE (Procuradoria Geral do Estado) exigem a retirada do abono para os cargos técnicos de nível universitário e proíbe o vale-alimentação para os aposentados e pensionistas, mas, de acordo com a presidente do Sintrapp, já existe um entendimento jurídico de que a Prefeitura poderia incorporar o abono no salário dos servidores, destacando que, atualmente, 650 trabalhadores recebem o adicional. O sindicato ressalta que as atividades essenciais serão mantidas para que não haja prejuízo à população. A Prefeitura conta com cerca de 4 mil servidores na ativa e 1,5 mil aposentados.