Mobilização alerta para a violência doméstica

Passeata organizada pelo Cadeca e Colégio Adventista buscou incentivar as possíveis vítimas a pedir o apoio ou denunciar

PRUDENTE - ANDRÉ ESTEVES

Data 27/08/2017
Horário 04:57
Marcio Oliveira, Objetivo da passeata foi conscientizar transeuntes sobre o assunto durante o trajeto
Marcio Oliveira, Objetivo da passeata foi conscientizar transeuntes sobre o assunto durante o trajeto

O Cadeca (Centro Adventista de Desenvolvimento da Criança e do Adolescente) e o Colégio Adventista promoveram, na manhã de ontem, a 8ª edição da campanha “Quebrando o Silêncio”, que objetiva a prevenção e combate à violência doméstica. A concentração dos participantes ocorreu no Centro Cultural Matarazzo, de onde iniciaram uma passeata até a Praça Nove de Julho, em Presidente Prudente, para conscientizar os transeuntes sobre o assunto. De acordo com o diretor de Educação da Associação Paulista Oeste, Alexandre de Andrade, a principal mensagem da mobilização foi mostrar às possíveis vítimas que elas sempre têm duas alternativas: pedir o apoio para alguém de confiança ou denunciar o agressor por conta própria.

A dona de casa Angela de Santana, 47 anos, acredita que a ação é uma forma de incentivar as mulheres que sofrem com o problema dentro de casa a não ficarem caladas. “Muitas vezes, elas se submetem a isso porque querem manter os votos de casamento. Mas, infelizmente, o homem já se esqueceu daquilo que prometeu no altar”, considera. Para ela, da mesma forma que as vítimas não aceitam serem machucadas por familiares e amigos, elas não devem se sentir acuadas pelo marido, que, por muito tempo antes do relacionamento, foi um estranho. “Ele é o homem que você escolheu para viver, porém, isso não quer dizer que você não possa desfazer essa escolha. Antes de amar um terceiro, é preciso amar a si própria”, pondera.

A professora Andrea Arigoni, 37 anos, por sua vez, acrescenta que, com o avanço dos tempos, as mulheres conquistaram a sua própria independência e, por esta razão, não devem se tornar reféns de seus esposos. Para ela, embora o medo ainda seja um empecilho para a concretização da denúncia, ele não pode imobilizar as vítimas. “Diferente do passado, quando as delegacias eram compostas predominantemente por homens, hoje já temos uma voltada especialmente para a mulher, então ela não precisa se sentir constrangida”, comenta.

Como docente, a preocupação maior de Andrea é com o abuso contra crianças, cujos agressores são geralmente os próprios familiares. “Aqueles que deveriam protegê-las estão prejudicando o seu desenvolvimento e deixando marcas que acompanharão essas crianças pelo resto da vida”, lamenta. Por trabalhar no ambiente educacional, a professora já acompanhou casos dessa natureza e aponta que, muitas vezes, a escola acaba sendo o refúgio dos vulneráveis, que confidenciam o problema aos seus docentes, responsáveis pelo encaminhamento das ocorrências.

Conforme noticiado por O Imparcial esta semana, nos primeiros sete meses do ano, dos 116 casos de estupro registrados pelo policiamento na região de Prudente, 84,4% foram praticados contra vulneráveis. A situação alarmante é reforçada pela coordenadora do Cadeca, Dayane Maldonado Amaral, que informa que mais de 50% dos atendidos já relataram alguma situação de violência. Essas crianças e adolescentes são encaminhadas pela rede de proteção, que, no município, consiste no Creas (Centro de Referência Especializado de Assistência Social), Caps (Centro de Atenção Psicossocial) Infantil, Conselho Tutelar, entre outros, ou então pela busca espontânea das famílias.

 

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