MPE investiga realização do "rolezinho” no Parque do Povo

Inquérito verificará se os quiosques vendem bebidas alcoólicas sem alvará, e se funcionam além do horário permitido; comerciantes reclamam de transtornos causados pelos adolescentes

PRUDENTE - MARIANE GASPARETO

Data 20/04/2017
Horário 09:32
 

Garrafas quebradas, latas amassadas, copos de plástico, cinzas e bitucas de cigarros consistem no rastro deixado pelos adolescentes que participam do "rolezinho" em Presidente Prudente, que "religiosamente" ocorre toda sexta-feira à noite. Eles podem até trocar o rolê de lugar, mas as reclamações de sujeira e tumulto perseguem a aglomeração de jovens, onde quer que estejam.

O local onde surgiu o "encontrão" dos adolescentes periféricos foi o Parque do Povo, no ponto próximo aos bares da Avenida 14 de Setembro. A Polícia Militar pressionou e o ponto foi alterado para a Rua Bertioga, em Presidente Prudente, ao lado do estacionamento do Prudenshopping. Novamente, em fevereiro, uma grande batida da PM abordou 109 pessoas, sendo 28 maiores de 18 anos e o restante adolescentes. Foi aí que a aglomeração começou a retornar ao Parque do Povo, mas na Avenida 11 de Maio, no ponto onde ficam os quiosques da Prefeitura, alugados por comerciantes por meio de licitação.

Jornal O Imparcial MPE quer verificar se comércios atraem aglomeração de jovens

As denúncias e reclamações levaram o MPE (Ministério Público Estadual) a instaurar um inquérito civil para apurar as circunstâncias que envolvem a exploração e funcionamento dos quiosques. O intuito do órgão é investigar se os comércios são fiscalizados pelo poder público; vendem produtos não compatíveis com o alvará fornecido, como bebidas alcoólicas, sobretudo a menores de 18 anos; e, por fim, se funcionam além do horário permitido, atraindo a aglomeração de jovens, resultando em poluição ambiental e sonora.

O promotor de Justiça do Meio Ambiente, Habitação e Urbanismo, André Luis Felício, divulgou ainda na página oficial do órgão, que busca aproveitar o procedimento para saber se os comerciantes cumprem os demais requisitos, como pagamento do aluguel do imóvel, taxas, tributos e impostos, bem como analisar a limpeza do local e a higiene alimentar dos quiosques. O MPE já acionou a Sefin (Secretaria Municipal de Finanças) para obter essas informações a respeito da regularidade financeira dos quiosques, e anunciou que solicitará à Vigilância Sanitária a verificação dos negócios.

 

Do luxo ao lixo

O que no começo parecia fonte de lucro aos estabelecimentos, agora tem gerado transtornos diante da depredação dos imóveis, tentativas de arrombamento e confusões entre os jovens. Quem na primeira sexta-feira de aglomeração estendeu o funcionamento até às 5h, agora está fechando assim que começam a formar os primeiros "grupinhos", com receio de confusão.

"Eu até pensei que daria para lucrar bem, fiquei fazendo lanche até de madrugada, mas depois começou a ficar muito aglomerado, com gente fazendo coisa errada, muitas brigas e confusão", relata o comerciante autônomo Luiz Toledo, 18 anos, que é responsável por um dos quiosques do Parque do Povo. Os jovens já conseguiram danificar o toldo e a estrutura de concreto de um dos estabelecimentos, além de tentarem arrombar as portas e, ao não conseguir, "emperrarem" cadeados com palitos de dente, para prejudicar os donos.

"O pior é que no começo achavam ainda que nós estávamos sustentando esses jovens, mas não vendemos bebidas alcoólicas a eles, que já trazem tudo em caixas térmicas", é o que esclarece outro locatário de um quiosque, o empresário Renato Pereira. Por conta da "muvuca" de adolescentes, todos estão encerrando o expediente mais cedo que o usual, às 23h, conforme ele, por orientação da Sedepp (Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico).

Procurada para abordar a situação, a Prefeitura se limitou a informar que "ainda não foi notificada sobre o inquérito civil da Promotoria de Justiça do Meio Ambiente, Habitação e Urbanismo".

 
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