Mudança da rotina nas salas de aula: nova forma de ensinar

A pandemia interferiu não apenas no cotidiano dos alunos, mas no trabalho dos docentes; neste Dia dos Professores, conheça um pouco mais sobre esta nova realidade

PRUDENTE - ROBERTO KAWASAKI

Data 15/10/2020
Horário 04:00
Weverson Nascimento - Professor José Artur leciona há 21 anos 
Weverson Nascimento - Professor José Artur leciona há 21 anos 

A pandemia do novo coronavírus mudou a rotina nas salas de aulas. O espaço, que antes era para a troca de conhecimentos, ficou completamente vazio – um silêncio total. As lousas foram trocadas pela tela do computador, e as carteiras deram lugar ao aconchego dos lares. A nova realidade não interferiu apenas no cotidiano dos alunos, mas no trabalho dos docentes. Hoje, comemorado o Dia do Professor, a reportagem traz profissionais que relatam sobre a nova forma de ensinar. 
Aos 48 anos de idade, José Artur Gonçalves, professor de sociologia e programa de aprendizagem socioemocional do Colégio Anglo Prudentino, afirma estar preparado para a volta às salas de aula – retorno híbrido que nas escolas particulares iniciou na última semana. Inspirado pela profissão da avó paterna, viu a oportunidade de entrar para a docência após a licenciatura em História – formação orientada para a carreira de professor. Durante os 21 anos de ensinamentos, não esperava vivenciar a realidade atual. 
“No início da pandemia, mas bem no início mesmo, percebi um cansaço desse momento de alteração da rotina”, afirma José Artur em relação ao trabalho remoto. “Foi quando mais senti a reação da mudança de realidade. Mas, depois a gente vai se adaptando e dando mais atenção ao emocional e isso tudo vai se estabilizando”, explica. Conforme o professor, neste primeiro momento de retorno, a atenção especial será voltada a acolher as demandas dos alunos, como suporte – uma preocupação que já era esperada. “[A volta] vem cercada de preocupações, desse sentimento de emoção diante do novo”. 

A ESCOLA SEM O ALUNO PERDE TODO O ENCANTAMENTO
José Artur Gonçalves

Desafios na pandemia

De acordo com José Artur, foram muitos os desafios da transição para o ensino à distância. “Tinha uma certa vivência com metodologias que usam a tecnologia, e o colégio tem toda uma estrutura para a área”, afirma. “Foi algo facilmente superado. Mas existem aqueles que tiveram que se adaptar ao ambiente e rever toda sua forma de ensinar. Porque uma coisa é você estar na sala de aula com o aluno, e outra é a reinvenção do professor em face das tecnologias”, expõe. 
O professor ainda cita como desafio o contexto familiar de cada aluno, que se mistura com o aprendizado, bem como a falta de “sentir a energia” dos estudantes. “A escola sem o aluno perde todo o encantamento”, afirma. Apesar da distância, José Artur diz ter recebido manifestações de carinho, o que mostra que o professor pode ter ganhado um novo valor nesse período. “A gente tira uma lição disso tudo, a de estar junto, atento ao outro, escutar a acolher ao próximo, desenvolver esse olhar de esperança para o futuro”, salienta. 
Durante a conversa, a reportagem perguntou ao docente: “acredita que os professores têm o que comemorar nesse 15 de outubro?”. A resposta foi: “essa data é importante, porque reforça para a sociedade a relevância da educação, como transformação de vidas. Acho que tem que se comemorar sim, mesmo com tudo diferente que estamos vivendo, temos que comemorar como marca da importância da educação”.

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