Música com registro nacional homenageia Elly Guimarães

Sambista prudentina tem lembranças de sua história destacadas nos versos da canção do amigo de longa data, Jotacê Cardoso

VARIEDADES - THIAGO MORELLO

Data 17/02/2019
Horário 06:00
 Cedida/Jotacê Cardoso: Música celebra mais de uma década de amizade entre Elly Guimarães e Jotacê
 Cedida/Jotacê Cardoso: Música celebra mais de uma década de amizade entre Elly Guimarães e Jotacê

“Eu sou Elly Guimarães. A minha vida é cantar, encantar. Levando a felicidade, vou de cidade em cidade”. Apesar da citação em primeira pessoa, que poderia facilmente indicar o cântico da sambista prudentina citada nos versos da canção, o trecho faz parte de uma homenagem à cantora, que muito mais que letras e estrofes, também simboliza a amizade, carinho e amor entre duas pessoas, refletida agora em uma composição artística. Obra essa que, além de eternizada emocionalmente entre autor e inspiração, essa semana também ganhou o direito de ser lembrada na história. Intitulada “Elly Guimarães - Goelinha de Ouro”, a música de Jotacê Cardoso recebeu o registro da FBN (Fundação Biblioteca Nacional), que faz parte do escritório de Direitos Autorais do Ministério da Cultura.

Mas para chegar até aqui, há duas linhas do tempo que merecem ser citadas e que se dividem para a área técnica e para a histórica. Na primeira delas, o começo foi julho do ano passado, quando a ideia saiu da mente e foi para o papel. De lá pra cá, a rotina do compositor Jotacê era resumida em pausas. “Isso porque, quando vinha uma ideia, eu parava o que estava fazendo e ia anotar em um pedaço de papel. Estava jantando e vinha a ideia? Para e anota. Na rua e lembrei de algo? Para a anota”, comenta. E assim foi, pelo menos durante uma semana.

Esse foi o tempo que o artista levou para juntar fragmentos históricos e de ideias reais para formar a canção, pensando na melhor homenagem possível, como ele mesmo diz. Trechos como “No amor de Adão e Iraci, foi em janeiro que eu nasci”, por exemplo, ele até brinca que demoraram a sair, uma vez que a brincadeira entre todos era chamar a mãe de Elly como Eva, em alusão ao primeiro casal religiosamente registrado: Adão e Eva. “Sabe quando dá um branco? ‘Como é o nome da mãe dela mesmo?’, eu ficava me perguntando”, brinca Jotacê.

São pedaços de informações, que foram reunidos em versos e estrofes, compondo a técnica da canção. Mas por outro lado, como uma unção de letra e melodia, a parte histórica da música foi escrita através de emoções e lembranças do que já foi vivido pelos artistas. E tudo começa em 2004, conforme o compositor, quando voltou da capital paulista para o berço prudentino e conheceu Elly. “Virei um fã à primeira vista”, enfatiza.

Já em 2007, Jotacê detalha que foi quando a parceria se tornou mais profissional, porém, fortaleceu ainda mais a amizade com Elly, que carinhosamente foi apelidada por ele como “goelinha de ouro”, o que explica o título da canção. À reportagem, a própria homenageada explica que essa história de goelinha veio de ideia isolada do amigo, que sempre a viu como “uma pessoa forte, que não para, canta tudo e tem uma garganta de ouro, ou melhor, uma goelinha de ouro”, expõe.

O que foi tudo também uma questão de intimidade, além de fazer parte de mais uma das surpresas que, segundo Elly, é algo que sempre vem do intérprete. “De repente ele some e aparece com algo, com alguma novidade. E desta vez não foi diferente. Ele chegou pra mim, depois de tudo e veio dizendo: ‘eu tenho um presente pra você’. Mas eu não imaginava o que era”, conta.

E por não imaginar, mais uma das surpresas de Jotacê foi concretizada e carregada também de emoção. Isso porque, quando mostrou a música à cantora, ela mesma afirma que a goelinha de ouro secou e o choro ocorreu. “É muito bonito, né. Nós temos uma história muito bonita. E na canção ele fala de mim, dos meus pais, do meu canto e não teve como não me emocionar. É uma parceria que deu certo e ele me presentou dessa forma tão bonita. Sou muito agradecida”, destaca Elly.

 

Gravação

O próximo passo, agora, é entrar em estúdio e gravar a canção. Contudo, ambos não deixam de pontuar que essa é uma situação “um pouco mais complica”, em vista dos investimentos que não necessários, e do alto gasto que deve ser empregado para tanto.

Porém, ideias são o que não faltam. Jotacê chega a cogitar uma performance com vários intérpretes, ou às vezes só os dois ou até mesmo apenas Elly. Mas para ela, tudo isso ainda pode ser aproveitado com os músicos que já os acompanham. “Já passamos a letra, os arranjos e, por ser um samba mais lento, que foge do meu cotidiano, ainda não está em repertório. Mas com a pegada certa tudo acontece com o tempo”, comenta.

A partir de agora também inicia-se as buscas por apoios e patrocinadores, para que possam auxiliar na entrada ao estúdio.


 

 

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