Não esqueçamos os mais de 500

EDITORIAL -

Data 21/04/2021
Horário 04:15

A semana começou com uma marca triste para Presidente Prudente: na segunda-feira, o boletim da Covid-19 trouxe que o município ultrapassou 500 mortes em decorrência da doença. Entre as vítimas, estão homens e mulheres de todas as idades, desde pessoas jovens até idosas, o que evidencia que o vírus não faz distinção na hora de desfalcar as famílias.
São mais de 500 vidas perdidas para a doença em pouco mais de um ano desde o início da pandemia. São mais de 500 pessoas que tiveram o curso de suas trajetórias interrompido por um vírus que chegou de forma avassaladora, roubando sonhos, carreiras e paixões, deixando ausências em centenas de lares prudentinos, além de uma ferida que vai permanecer por muito tempo aberta.
Afinal de contas, a Covid-19 é repentina: chega sem avisar, os sintomas são debilitantes, e quando a doença apresenta agravos, requer que o paciente permaneça isolado dentro de um hospital – isso quando ele tem acesso imediato a um leito de internação, aos equipamentos adequados e aos medicamentos necessários. O que se vê, em geral, é que as filas pelo tratamento apropriado passam a aumentar em todo o país; e hospitais começam a ficar desabastecidos dos medicamentos primordiais.
A solidão é um dos fantasmas da Covid-19. Quando internado, o paciente tem notícias dos familiares e estes do paciente apenas pelas mensagens e ligações pelo celular. O distanciamento se torna mais palpável que nunca. Muitas vezes, apesar de todos os esforços, pais, mães, filhos, entes queridos, não resistem à evolução da doença e deixam esse mundo sozinhos, sem direito a uma despedida digna e a um cerimonial que honre sua memória.
Esta é a realidade nua, crua e dura da Covid-19. Nunca foi uma gripe rotineira e nunca deveria ter sido subestimada. Enquanto não houver consciência e responsabilidade de todos – tanto da sociedade quanto do poder público – no enfrentamento à doença, mais vidas continuarão sendo levadas embora, sem a oportunidade de recomeço que todos aguardam quando a imunização em massa for concluída. Não esqueçamos esse número. Não esqueçamos esses mais de 500. Não esqueçamos de exercitar a humanidade que se espera de nós neste período. Parece insignificante, mas se cada um fizer a sua parte, pode haver um caso a menos sendo atendido no hospital no final do dia. Uma família a menos chorando a morte de seu ente querido no dia seguinte.
 

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