Um dia meu pai, no auge de 40 anos de experiência como professor, me disse:
“Olha, não adianta você ficar nervoso com alunos que parecem não estar nem aí com o que você ensina. Aliás, tenha certeza de que em qualquer sala que esteja apenas 3% dos estudantes serão realmente fora de série, terão ótimos empregos e uma vida estável. O restante estará dividido entre os “mais ou menos” e aqueles que não irão para frente e encontrarão outro caminho.
A questão, porém, é que quando nós professores entramos em sala de aula não está escrito em cima da cabeça de cada um se ele está entre os 3% ou não. Por isso, você deve entregar sua energia e conhecimento para todos, sem distinção e sem julgamentos. Alguns irão receber o seu ensino e vão multiplicá-lo. Outros deixarão passar e vida que segue!”
Estas palavras mudaram muito minha vida no ensino superior e na vida profissional, nas consultorias e mentorias que faço. Aprender é algo que está à disposição de todos, mas é preciso entender que nem todos estão de acordo com isso. Há quem decida não aprender. Há quem rejeite o conhecimento alheio.
Hoje, entro em uma sala bem mais tranquilo. Olho para meus alunos como se cada um fosse parte dos 3% que meu pai ensinou. Tenho fé de que todos entrem neste seleto grupo. Parece ser um prognóstico difícil de aceitar, bem seletivo, mas a vida é o quê senão essa seletividade toda?
Hoje, quando me contratam para uma consultoria ou uma mentoria, dedico 100% de tudo que sei em estratégias de conteúdo nas redes sociais. Falo manso e falo forte, recuso e incentivo. E alguns ouvem, outros não. Alguns entram nos 3% e outros não. Alguns cortam até relações porque realmente não estão preparados para ouvir verdades, mas afinal o que está em jogo? Um aconchego na alma, um elogio falso ou a estratégia para um negócio de sucesso?
Não é de hoje que a gente ouve os mais sábios dizerem que apesar de tudo que aprendemos e recebemos de informação ao longo do dia, é ali no finzinho da noite, no nosso momento mais íntimo, que iremos selecionar o que queremos fazer ou não. É talvez o nosso minuto mais consciente, embora pensemos que seja o contrário ou até que aconteça dormindo. Mas acontece.
Fato é que assim, decidimos entre começar uma atividade física, ir mais à igreja ou se especializar no trabalho. Decidimos. Não é que decidem por nós. Quem fica esperando que alguém decida por ele ou senta-se em cima de uma suposta superioridade intelectual corre o risco de ficar à margem do rio para o resto da vida. Fora mesmo dos 3%.