O mundo fantástico (e lucrativo) das histórias 

Roberto Mancuzo

CRÔNICA - Roberto Mancuzo

Data 17/05/2022
Horário 06:00

Como jornalista que sou, posso me autodenominar como “contador de histórias”. Afinal, há mais de 25 anos que ouço e repasso os mais variados acontecimentos para frente. Seja no dia a dia, comigo ou com os outros, eu tenho sempre um bom causo para puxar assunto.  
E mal sabia eu que depois de tanto aprender e a contar histórias, eu iria ser ainda mais útil para as empresas, que hoje me contratam para eu possa colocar justamente em histórias a essência de seus produtos e serviços.  
Afinal, não há bom conteúdo sem uma boa história por trás. Pode ser explícita ou ficar subentendida, mas precisa estar lá.
E a justificativa para essa afirmação tão contundente é que nós, seres humanos, somos alimentados por histórias desde a barriga de nossa mãe. Nascemos, crescemos, participamos, vivemos, observamos e, adivinhe??? Contamos histórias!
Quer uma prova? É muito difícil resistir a uma boa promessa no início de uma conversa. Pode ser a mais usada de todas: “Era uma vez...”, passando por algumas mais manjadas como “Senta aqui que vou lhe contar uma história”, até outras mais elaboradas, como a que li um dia dessas na abertura de um conto: “Antônio nem esperou o dia clarear e já estava de pé. Ele não imaginava que 8 horas mais tarde estaria amarrado no porta-malas de um carro”. 
Mano... Que acontece depois???
Essa é a regra número 1.
Regra número 2: em um mundo que ninguém parece se importar mais com ninguém, conseguir que o espectador olhe para você com atenção é um grande trunfo. 
A gente vive correndo, olha tudo correndo, navega nas redes mais rápido ainda com nossos dedos nervosos e se importa muito pouco com quem ou o que quer que seja. Em outras palavras, se você não garantir atenção para seu post ou seu stories em cerca de 3 segundos, ele já é passado.
Quem vai ler sua história quer que você o convença de que pode ter um momento de paz. De que forma? Esteticamente, dramaticamente, heroicamente e por aí vai. Crie um sentido para sua história, consiga fazer com que o público não tenha vontade de te deixar por nada.
Por fim, este mesmo público é inteligente. Não o trate como idiota e deixe que ele também construa a história. Crie conexões para que aos poucos os pontos sejam ligados instintivamente. 
Sabe quando você assiste a um grande filme e em um momento de tensão você adivinha a sequência e diz: “Eu sabia!!” Pois é. Não entregue o bolo pronto. Dê ao público os ingredientes e ele será capaz de chegar ao final como se também fosse um grande protagonista.
Não é fácil fugir do óbvio, mas alguns dos escritores mais importantes da atualidade são aqueles que decidiram em algum momento negar os clichês e os atalhos. Não é uma aposta baixa, mas é o caminho.
Ao mesmo tempo, se você é empresário, empreendedor ou algo do gênero, coloque de uma vez por todas em sua cabeça que o público não vai engolir esta “história” de oferta rasa de seu produto ou serviço. 
Você não vai convencer ninguém a comprar só porque colocou lá uma frase motivacional, um link para a página de venda ou uma arte bonitinha com o meme do momento. 
Pessoas vão comprar de você porque conseguirão ver sentido em seu produto ou serviço, terão resolvidos seus problemas e atendido suas necessidades e desejos com eles.  
Elas vão comprar porque se viram dentro de uma boa história, como protagonistas e não um mero cliente.
 

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