O oeste paulista tem o maior corredor reflorestado do Brasil, segundo o IPÊ (Instituto de Pesquisas Ecológicas). De acordo com a coordenadora geral de Pesquisa e Educação, Maria da Graça Souza, na regional do instituto, em Teodoro Sampaio, há mais de 24 anos na região, o IPÊ é responsável pelo plantio de mais de 2,3 milhões de árvores. "Temos duas unidades de conservação bastante importantes para a mata atlântica e a biodiversidade da região: o Parque Estadual Morro do Diabo, administrado pela Fundação Florestal, da Secretaria de Estado do Meio Ambiente, com 37 mil hectares, e a Esec MLP , administrada pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade, com 7 mil hectares", comenta.
Como noticiado ontem por
O Imparcial, a Alesp (Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo) aprovou uma emenda aglutinativa do PL (Projeto de Lei) 249/13, que autoriza a concessão de 25 parques estaduais à iniciativa privada – entre eles, o Morro do Diabo. A proposta segue para apreciação do governador Geraldo Alckmin (PSDB), que ontem, em visita à região, elogiou a iniciativa.
As áreas de florestas plantadas para conectar as unidades de conservação ajudam a manter a transição das espécies da fauna na paisagem local, protegem recursos hídricos e aumentam os benefícios dos serviços ecossistêmicos na região.
O instituto atua com a conexão dos fragmentos florestais locais e restauração de uma paisagem extremamente fragmentada, que faz parte de 11% do que ainda resta de mata atlântica no Brasil. A reconexão é extremamente necessária, visto que as espécies ameaçadas de extinção, como o mico-leão-preto, podem estar cada vez mais isoladas na floresta, sem espaços para alimentação, abrigo e também sem possibilidades de reprodução. "Desenvolver isso, de forma a equilibrar interesses socioambientais com florestais e econômicos é hoje o maior desafio. Por essa razão, o IPÊ promove e aplica sistemas e metodologias de gestão de paisagens, equilibrando os ganhos socioeconômicos, com a manutenção dos serviços ecossistêmicos e conservação de espécies ameaçadas", relata.
Riquezas naturais
A região também possui uma série de riquezas naturais, como corredor ecológico, recursos hídricos e biodiversidade. Segundo a coordenadora, o Parque Estadual Morro do Diabo e Esec MLP abrigam uma grande biodiversidade. No caso dos recursos hídricos, há o Rio Paranapanema entre os Estados de São Paulo e Paraná; e o Rio Paraná, entre São Paulo e Mato Grosso do Sul.
A biodiversidade é outra riqueza, inclusive com espécies raras como o mico-leão-preto (
Leontopithecus crysopygus) que foi decretada como patrimônio ambiental do Estado de São Paulo.
Animais
O instituto também estuda os três animais da lista de extinção, como o mico-leão, a anta brasileira e a onça pintada. As pesquisas já serviram para criação de políticas públicas para salvar essas espécies. "Em Teodoro Sampaio, a educação ambiental faz parte do currículo escolar municipal. As atividades alcançam diversas pessoas desta e de cidades vizinhas, localizadas no entorno de áreas protegidas", relata Maria da Graça.
IPÊ
O IPÊ atua pela conservação da biodiversidade a partir de pesquisas científicas, educação ambiental, negócios sustentáveis e envolvimento de comunidades, além de influência em políticas públicas em benefício do meio ambiente. Atua em parceria com comunidades, organizações locais, universidades e instituições governamentais e empresariais, a fim de reunir apoiadores no desenvolvimento socioambiental sustentável de áreas prioritárias à conservação. O IPÊ desenvolveu, inclusive, um modelo de conservação aplicado de acordo com as necessidades e o perfil dos locais onde realiza ações, respeitando as tradições das populações e seus saberes.
ANIMAIS COMUNS DA REGIÃO
Mico-leão-preto (
Leontopithecus crysopygus);
Anta (
Tapirus terrestres);
Onça-pintada (
Panthera onca);
Onça-parda (
Puma concolor);
Tamanduá-mirim (
Tamanduatetradactyla);
Cachorro-do-mato (
Cerdocyon thous);
Quati (
Nasua nasua);
Irara (
Eira barbara);
Lontra (
Lutra longicaudis);
Garça-branca-grande (
Casmerodius albus);
Asa-branca (
Dendrocygna autumnalis);
Jacupemba (
Penelope superciliaris);
Arara-vermelha-grande (
Ara chloroptera).
Fonte: IPÊ
PLANTAS COMUNS NA REGIÃO
Peroba-rosa (
Aspidosperma polyneurun);
Macaúba (
Acrocomia aculeata);
Paineira (
Chorisia speciosa);
Ipê-roxo (
Tabebuia heptaphylla);
Ipê-amarelo (
Tabebuia ochracea);
Chuva-de-ouro (
Cassia ferrugínea);
Copaíba (
Copaífera langsdorffii);
Jatobá (
Hymenaea courbaril);
Jaracatiá (
Jacaratia spinosa);
Embaúba (
Cecropia pachystacia);
Jequitibá-branco (
Cariniana estrelensis);
Cedro-rosa (
Cedrela fissilis).
Fonte: IPÊ