Os 100% que temíamos

EDITORIAL -

Data 14/04/2021
Horário 04:15

Na semana passada, a imprensa noticiou que quatro pessoas morreram nas UPAs (Unidades de ProntoAtendimento) enquanto aguardavam leitos para tratamento contra a Covid-19 em hospitais de Presidente Prudente. A formação de filas de espera por serviço especializado não é algo recente, considerando que, em fevereiro deste ano, a Prefeitura já havia anunciado que a ocupação de leitos de terapia intensiva havia atingido 100% em todas as unidades do município.
A situação que revela o colapso do sistema de saúde da região se agravou ainda mais no início desta semana, quando a administração divulgou que os hospitais de toda a área do DRS-11 (Departamento Regional de Saúde), que atende 43 cidades da 10ª RA (Região Administrativa), atingiram a capacidade máxima de internações em leitos de UTI para Covid-19.
Embora a pandemia do novo coronavírus tenha escancarado o despreparo deste mesmo sistema de saúde, que não possuía condições de lidar com um fenômeno desta magnitude, a notícia de que os hospitais entraram em colapso provoca um baque forte na população, considerando que é neste momento que definitivamente cai a ficha de que, em se tratando de atendimento médico adequado, qualquer pessoa pode ficar desamparada daqui para frente.
E o termo “desamparada” é aqui utilizado não como crítica à atuação dos hospitais – longe disso. É evidente que esses locais, por meio de seus profissionais altamente dedicados à causa, têm empregado forças extraordinárias para garantir assistência aos pacientes e salvar vidas. No entanto, por maior que seja o empenho, esses trabalhadores precisam de recursos, materiais, equipamentos, estrutura, condições para viabilizar um atendimento justo e digno. E é justamente contra essa barreira que estamos colidindo.
É preciso cobrar a implantação de mais leitos – este é um ponto indiscutível. Entretanto, diante desse processo moroso, é essencial que também nos policiemos em relação ao que podemos fazer para aliviar a sobrecarga dos hospitais. É necessário estar ciente de que, nas atuais circunstâncias, pacientes graves da Covid-19 podem estar numa fila de UPA por tempo indeterminado (e cada segundo conta!). Por isso, torna-se fundamental que a população como um todo intensifique os cuidados e os protocolos de prevenção da doença, principalmente evitando sair de casa em situações desnecessárias e participar de aglomerações. O uso da máscara de proteção facial, a higienização frequente das mãos e priorizar a segurança dos nossos lares não são apenas recomendações: são responsabilidades coletivas.
 

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