Pais e filhos se unem pelo amor ao esporte

ESPELHO Seja no pedal, nos tatames, ou nas pistas do atletismo, técnicos e atletas competem e vivem em harmonia familiar

Esportes - PAULO TAROCO

Data 13/08/2017
Horário 12:47
Marcio Oliveira, Família Lobo relembra conquistas e cobranças na rotina do ciclismo
Marcio Oliveira, Família Lobo relembra conquistas e cobranças na rotina do ciclismo

Qualquer esporte exige disciplina e dedicação de seus adeptos. E essa dose de exigência é ainda maior para aqueles que praticam esportes de maneira competitiva, em alto rendimento. Imagine então quando o treinador, que já foi um grande nome no passado da modalidade, também atende pelo chamado de pai. Mas não somente de broncas, puxões de orelhas e cobranças por bons resultados é caracterizada essa rotina. Tais relacionamentos mostram que o esporte, por mais competitivo que seja, também serve para aproximar e estreitar a relação familiar, e que as broncas dos papais treinadores nada mais são que um incentivo para os filhos atletas e um convite para ocuparem o lugar mais alto do pódio, nos obstáculos encontrados dentro e fora da vida esportiva.

Quem experimenta diariamente um pouco dessa rotina movida por aplausos e broncas do papai treinador é a velocista prudentina Maria Victória Belo de Sena. Ela é atleta da categoria sub-18 da equipe prudentina de atletismo Apa/FCTE/Semepp. Há cerca de 10 anos, aos 7 anos de idade, Maria Victória começou os primeiros passos no esporte, incentivada pelo pai, o ex-velocista Inaldo Sena, hoje treinador dela na equipe de base do atletismo de Presidente Prudente.

Aos 14 anos a jovem decidiu investir ainda mais esforços nas competições e resolveu deixar de lado a prática paralela de outros esportes, como o basquete, caratê e natação, incentivada, é claro, pelo histórico do pai dentro do atletismo. “Meu pai sempre me incentivou. Nunca me deixou sentir muito essa pressão. Nos incentiva a treinar bastante e ter calma, cuidar do psicológico, se não atrapalha tudo”, diz. Nesse cenário de cobranças e incentivos, a velocista também fala sobre o comportamento do pai com os demais integrantes da equipe, onde Inaldo apresenta o lado durão, mas pai com todos os atletas. “Acredito que ele seja como um bom pai com todos. Ele cuida da gente dentro e fora das pistas. Não só comigo, mas com todos”, explica.

O técnico sabe bem da necessidade de “ser profissional, mas também apresentar o lado paternal com todos os atletas”. E, ainda, ressalta também a contribuição do esporte na busca pelos objetivos. “Fico feliz por estar treinando meus filhos, de estarmos juntos nessa caminhada de sonhos e realizações”. Objetivos que são cada vez mais ousados em família. “Iremos chegar às Olímpiadas de Tóquio, em 2020. É o sonho, nossa meta e objetivo”, crava o pai e treinador.

 

Jornada Dupla

O ex-competidor e atualmente professor de judô, Nelson Hideki Morimoto, começou a escrever a história no esporte com 5 anos de idade, há quase cinco décadas. Aos 18 anos de idade, Morimoto já havia se tornado professor da modalidade. Ele comanda há mais de 20 anos o Centro de Lutas que leva seu nome em Prudente, após somar passagens por equipes de Prudente, Maringá (PR) e também adquirir experiência de quatro anos no Japão, berço da modalidade.

De volta a Prudente, Morimoto foi pai de duas filhas - Isabelle e Gabrielle Morimoto – com as quais ele divide os tatames e a casa, com funções dobradas. “Quando elas nasceram cheguei a dar aula com elas no colo. Às vezes, parava para trocar fralda ou dar mamadeira”, relembra o técnico. Toda dedicação e cuidado do mestre inspiraram a decisão das garotas em seguir no esporte do pai. “Ficava o dia inteiro na academia, vendo os alunos treinarem. Ou seja, desde pequena sigo o caminho do judô, graças ao meu pai, que serviu de inspiração”, comenta Isabelle.

A caçula Gabrielle, por sua vez, também afirma o lado paizão do treinador, mas sem deixar de falar dos puxões de orelhas recebido. “Já me acostumei com isso. Ele pega no nosso pé, mas por que quer nosso bem. Dentro dos tatames somos tratadas como alunas, iguais aos outros”, afirma. “Desde que elas nasceram, eu sempre procurei aproveitar todas as fases da vida delas. Desde que eram bebês, agora também entrando na adolescência e espero estar participando da vida adulta delas”, enfatiza o técnico e papai.

 

Em equipe

Integrante de uma tradicional família prudentina do ciclismo, Maurício Lobo sempre foi apaixonado e dedicado ao esporte, que colaborou também no processo de formação dos filhos. Ele deu suas primeiras pedaladas no ciclismo no começo da década de 1980, incentivado, sobretudo pelo pai, Dorival, que já possuíam uma história repleta de conquistas no esporte desde a década de 1950. No decorrer da década de 1990 foi a vez dos filhos, Carol e Caíque Lobo, aderirem a prática e a tradição da família.

Apesar de hoje o foco dos filhos estar voltado para os estudos acadêmicos e também para a academia administrada pela família, as histórias com o esporte não foram esquecidas e serviram como base para solidificar ainda mais o relacionamento entre pai e filhos. “Eu até acho que cobrei demais em alguns momentos. Afinal, o Caíque começou ainda criança. Com 14 anos já corria na categoria elite. Mas fica a pergunta: ‘Será que, se eu não tivesse cobrado, ele teria sido um campeão brasileiro, como foi em 2010?’”, questiona.

Caíque confessa que, em alguns momentos, após as broncas, pensou em parar, mas o amor ao esporte e o discernimento de que o pai fazia tudo aquilo pelo bem o animava no dia seguinte. O filho ainda ressalta o valor do relacionamento, alimentado pela proximidade ofertada pelos treinamentos e competições em conjunto. “Temos que ter o pai por perto, dando dicas e incentivando. Quem tem essa oportunidade precisa dar muito valor”, completa.

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