Porco Preto e Vaga-lume

Sandro Villar

O Espadachim, um cronista made in Brazil

CRÔNICA - Sandro Villar

Data 31/10/2021
Horário 07:00

Cadê o porco preto? Evidente que me refiro ao suíno caipira, comum em outros tempos. A carne do porco preto - ou caipira - era saborosa, bem  melhor do que a carne dos porcos de granja. É raro encontrar porco caipira, como também é raro achar vaga-lume brilhando de noite.
Não sei se os jovens de hoje já viram um vaga-lume, aquele inseto que tem luz própria, ao contrário de certos governantes. Ao que tudo indica o vaga-lume "apagou" a luz ou "arriou" a bateria natural por causa da destruição dos brejos, do desmatamento e do uso abusivo de agrotóxicos nas lavouras.
Se não me engano, há - ou havia - duas espécies: o besouro e a larva. No besouro, são os olhos que brilham e, na larva, a luz é emanada da barriga. Sim, barriga luminosa a do vaga-lume do tipo larva. E que luz! A luz é verde e dá a impressão de que os vaga-lumes são miniaturas de discos voadores.
Em suma: o vaga-lume sumiu do mapa e somente os especialistas podem dizer o que aconteceu com o simpático inseto, que iluminava as noites. 
Até meados dos anos 60 do século passado, o vaga-lume  abundava no oeste do Estado de São Paulo, e não sei como está a situação do inseto no restante do Brasil nos tempos atuais. 
Em Mariápolis, naquela época, não havia energia elétrica. Um velho motor a diesel "dava a luz" por poucas horas a partir das seis da tarde, na verdade, horário que marca o início da noite, se me permitem lembrar tal obviedade. Quando dava coisa de dez da noite o motor era desligado por um funcionário da Prefeitura. 
Aí as trevas tomavam conta da cidadezinha. Era breu puro. Escuridão lascada, parecendo o Brasil contemporâneo do ponto de vista socioeconômico e político.
Quem ainda estava acordado, para não ficar no escuro, acendia o lampião ou a boa e velha lamparina movida a querosene. Aliás, a gata e o garotão aí sabem o que é lamparina? A molecada, sabendo que a luz seria cortada, logo no começo da noite "caçava" vaga-lumes, que davam as caras mais no verão. Os insetos eram colocados dentro de potes de vidro, que ficavam com "pinta" de lanternas naturais.
Os garotos zanzavam pelo centro da cidade, sem luz, com seus potes de vaga-lumes, o que amenizava um pouco a escuridão. Mais do que uma brincadeira, era um espetáculo de luzes verdes, formando uma coreografia de cinema. Graças às lanternas naturais, muitos  só iam dormir por volta da meia-noite e ainda assim porque os pais, de relho na mão, iam buscá-los.
Vaga-lume virou sinônimo de lanterninha de cinema e, nos dias atuais, tem gente que assiste filme e, em plena projeção da película (boa esta, hein?), manuseia o celular para ler mensagens. Que se dane o filme! Não faz muito tempo, num cinema de um shopping de Prudente, parece que os espectadores combinaram e um grupo "acendeu" os vaga-lumes, quer dizer, celulares ao mesmo tempo. Até que ficou bonito e o escurinho do cinema me lembrou o tempo em que os vaga-lumes iluminavam as noites da pequena Mariápolis.  
 
DROPS
 
Está tudo dominado, inclusive o domador.
 
O Brasil é um avião sem asas ou um helicóptero sem hélices?
 
Quem nunca comeu melado quando come se empanturra.
 
O centroavante recebeu um passe açucarado e não marcou o gol. Ele era diabético.

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