Preços do boi gordo e da carne têm pequenas oscilações

Cristiano Machado

COLUNA - Cristiano Machado

Data 23/12/2021
Horário 06:00
Foto: Daniel Guimarães/AgriculturaSP
A carne negociada no mercado atacadista, valorizações mais intensas têm sido limitadas pelos elevados preços da proteína no varejo
A carne negociada no mercado atacadista, valorizações mais intensas têm sido limitadas pelos elevados preços da proteína no varejo

Ainda que o setor pecuário nacional esteja bastante otimista com a retomada dos envios de carne bovina à China, os preços do boi gordo e da proteína registraram apenas pequenas oscilações ao longo da última semana – cenário que, inclusive, já vinha sendo verificado antes do anúncio da retomada das exportações ao destino asiático. 
No campo, segundo colaboradores do Cepea, muitos pecuaristas passaram a restringir a oferta de gado pronto para abate, favorecidos pela melhora dos pastos – devido às recentes chuvas – e à espera de reações nos preços do animal. Além disso, por questões fiscais, produtores geralmente se afastam do mercado spot nacional neste período, indicando voltar a negociar apenas no início do ano seguinte. 
Assim, no acumulado da parcial deste mês (entre 30 de novembro e 21 de dezembro), o Indicador do boi gordo Cepea/B3 (Estado de São Paulo, à vista) acumula pequena alta de 1,69%, fechando a R$ 327,75 na terça-feira, 21. Para a carne negociada no mercado atacadista, valorizações mais intensas têm sido limitadas pelos elevados preços da proteína no varejo e pela maior competitividade das concorrentes (carnes suína e de frango), especialmente diante do baixo poder de compra da maior parte da população. (Fonte: Cepea)

Embrapa Territorial terá novo chefe-geral a partir de janeiro 

A partir de janeiro de 2022, o engenheiro agrônomo, Gustavo Spadotti Amaral Castro, assume a chefia-geral da Embrapa Territorial, com sede em Campinas (SP). Após processo de recrutamento e seleção conduzido pela diretoria-executiva da Embrapa, o novo chefe terá um mandato de dois anos, prorrogável por até duas vezes de igual período. 
Spadotti é doutor em Agricultura (Fitotecnia) pela Faculdade de Ciências Agronômicas da Unesp/Botucatu. Ingressou na Embrapa Amapá, em 2012, e transferiu-se, em 2015, para a então Embrapa Monitoramento por Satélite. Em 2017, tornou-se coordenador do GGTE (Grupo de Gestão Territorial Estratégica) da Embrapa Territorial.
O mandato do pesquisador Evaristo de Miranda encerra-se neste mês. Ao longo de seis anos, sua gestão buscou o fortalecimento de parcerias com atores do agronegócio brasileiro. Em mensagem pelo término do mandato, Miranda agradeceu a cooperação da diretoria-executiva da Embrapa e dos chefes-gerais dos demais centros de pesquisa da empresa. Assim como a atenção e confiança de várias secretarias do Mapa (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento), particularmente a ministra Teresa Cristina. (Com informações da Embrapa) 

Suzi Carneiro/Embrapa 

Gustavo Spadotti será chefe da Embrapa Territorial, em Campinas 

Leite: preços em 2021 foram altos no campo, mas com baixa rentabilidade ao produtor 

O ano de 2021 ficará marcado como um ano de preços altos do leite no campo, mas de rentabilidade baixa para o produtor. Ao mesmo tempo, também será lembrado pela dificuldade dos laticínios em repassar a alta do preço da matéria-prima (leite cru) aos derivados, já que a perda do poder de compra do consumidor brasileiro freou a demanda por lácteos. A pesquisa do Cepea mostra que, na “média Brasil”, o preço do leite ao produtor de janeiro a novembro de 2021 foi de R$ 2,2596/litro, 18,1% acima da média do mesmo período de 2020, em termos reais (dados deflacionados pelo IPCA de nov/21). 
Os valores se sustentaram em elevados patamares, devido à oferta limitada, influenciada, por sua vez, pelo clima adverso e pelos altos custos de produção. O Índice de Captação Leiteira (ICAP-L) caiu 9,3% de janeiro a outubro. Os longos períodos de estiagem, geadas e a irregularidade das temperaturas, de modo geral, prejudicaram a qualidade das pastagens e da silagem. Nesse contexto de alimentação volumosa limitada, seria natural que a demanda por ração crescesse, na tentativa de evitar perdas significativas na produção – sobretudo durante o outono e o inverno. (Do Cepea) 

Marcello Casal Jr/Agência Brasil 

Longos períodos de estiagem, geadas e a irregularidade das temperaturas prejudicaram a qualidade das pastagens e da silagem

Forte valorização dos grãos 
No entanto, isso ocorreu num cenário de forte valorização dos grãos, que foram impulsionados pelo aumento dos preços internacionais e pela desvalorização do Real frente a moedas estrangeiras, que estimulou a exportação. Com isso, o custo da alimentação do rebanho para os produtores brasileiros se elevou sobremaneira, corroendo as margens dos pecuaristas. Considerando-se apenas o milho, houve alta de 48,8% na média do Indicador ESALQ/BM&FBovespa. Assim, o pecuarista precisou de, em média, 42,6 litros de leite para adquirir uma saca de 60 kg de milho em 2021, contra 33,9 litros no ano anterior, queda de 25,7% no poder de compra. 

Outros insumos 
Além dos grãos, outros insumos se valorizaram e reforçaram o estreitamento das margens dos produtores, como é o caso dos adubos e corretivos, combustíveis e suplementos minerais. Mesmo com o retorno das chuvas da primavera, a produção de leite seguiu limitada neste ano, justamente pelo aumento dos custos de produção e por consequentes desinvestimentos na atividade. A intensa desvalorização do Real neste ano também limitou as importações de derivados lácteos, que recuaram 17% em 2021 (até novembro) frente ao ano anterior. Nesse contexto, a disputa das indústrias de laticínios para a compra de matéria-prima se intensificou, sobretudo entre o segundo e terceiro trimestres do ano. 

Estoques de derivados 
No entanto, a demanda enfraquecida e a pressão dos canais de distribuição elevaram os estoques de derivados, resultando em queda nos preços dos lácteos e do leite no campo neste último trimestre do ano. A crescente perda no poder de compra do consumidor limitou o repasse da valorização do leite no campo ao preço dos derivados negociados pelas indústrias junto aos canais de distribuição. Comparando os preços médios parciais de 2021 (janeiro a novembro) com os registrados no mesmo período do ano passado, observa-se que a indústria recebeu pelo UHT e muçarela valores apenas 1,7% e 1,9% maiores, respectivamente. No caso do leite em pó (400g), a valorização foi de 8,2% na mesma comparação. Com matéria-prima mais cara e demanda por lácteos enfraquecida, 2021 fica marcado como um ano de competição acirrada e margens espremidas para a indústria de laticínios. 

A queda 
Em queda desde outubro, o preço do leite ao produtor já registra recuo de 5,9% no acumulado de janeiro a novembro, em termos reais. A pesquisa em andamento do Cepea mostra que a tendência de queda deve seguir em dezembro, mas em magnitude menor que a do mês anterior. Contudo, agentes do setor demonstram preocupação em relação ao potencial de oferta no campo, uma vez que a captação ainda segue limitada mesmo neste período típico da safra, devido ao aumento dos custos de produção. Com isso, é possível que o movimento de queda dos preços no campo perca força já a partir de janeiro.
 

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