Protestos continuam em 9 municípios da região

Em PP, reflexos da paralisação dos caminhoneiros foram visíveis, promovendo aumentos nos postos de combustíveis e supermercados

REGIÃO - ANDRÉ ESTEVES

Data 24/05/2018
Horário 09:03
Jose Reis - Em Prudente, atos ocorrem desde a manhã de terça, na Raposo Tavares e Joaquim Constantino
Jose Reis - Em Prudente, atos ocorrem desde a manhã de terça, na Raposo Tavares e Joaquim Constantino

A queda nos preços da gasolina e do diesel, em vigência desde ontem, não foi motivo para os caminhoneiros abrirem mão dos protestos contra os valores dos combustíveis. Na 10ª RA (Região Administrativa do Estado de São Paulo), os atos continuaram em nove cidades. De acordo com a Polícia Militar Rodoviária, foram registrados manifestos em Álvares Machado, Presidente Prudente, Presidente Venceslau, Mirante do Paranapanema, Taciba, Osvaldo Cruz, Tupi Paulista, Teodoro Sampaio e Rancharia que, juntas, somam 690 veículos parados (veja tabela).

Na maior cidade do oeste paulista, os motoristas continuaram concentrados no perímetro urbano da Rodovia Raposo Tavares (SP-270) e na Avenida Joaquim Constantino, nas proximidades do Campus 2 da Unoeste (Universidade do Oeste Paulista). Conforme a organização do movimento, o protesto contou, ao longo da manhã, com a adesão de 300 motoristas. Já a corporação militar contabilizou 275. Mas apesar das reduções mencionadas, em Prudente os reflexos foram visíveis, indo na contramão e promovendo aumentos nos postos de combustíveis, em vista da falta de abastecimento. Problema esse que também atingiu supermercados, principalmente no que tange à comercialização de frutas, verduras e legumes. Na Ceagesp (Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais e São Paulo), a paralisação gerou déficit de estoque e, consequentemente, uma elevação de preços.

A Cart (Concessionária Auto Raposo Tavares), administradora do trecho, informa que a manifestação ocorre pacificamente e não impacta o trânsito na rodovia, sendo que os veículos de passeio seguem com normalidades em todos os pontos. A concessionária atua em conjunto com a Polícia Militar Rodoviária realizando a sinalização, a fim de garantir a segurança e pede aos condutores que reduzam a velocidade no trecho. No início da noite de ontem, em nota, a Cart informou que o trecho em Prudente, no km 571, já estava liberado e não contava mais com manifestantes.

A paralisação em Prudente foi iniciada na manhã de terça-feira e, desde então, transcorreu sem interrupções, se estendendo durante toda a madrugada. O caminhoneiro Marcos Rogério Estopa aponta que a expectativa de liberar os caminhões durante a tarde foi abortada em virtude do alto índice de aceitação e colaboração geral dos profissionais. “Um ou outro não concorda em parar, mas se não aceita aderir aqui, vai acabar sendo abordado lá na frente, então não tem muita escapatória”, afirma. Ele acrescenta que os manifestos no local seguem por tempo indeterminado e findarão apenas quando o objetivo nacional da categoria for atingido. Informado sobre a falta de estoque e alta nos preços das mercadorias do entreposto da Ceagesp, ele pondera que tratam-se de consequências naturais da luta. “O preço vai subir por conta da escassez de alimentos, que exigirá que os comerciantes controlem seus estoques”, pondera.

 

Insatisfeitos

O caminhoneiro Dicleu Élio Rocha, 54 anos, é favorável ao movimento enquanto permanecer pacífico. “Os veículos menores estão conseguindo acessar a rodovia normalmente, o que não causa nenhum transtorno para o tráfego e nem diminui a nossa mobilização”, comenta. Questionado sobre a baixa nos preços da gasolina e do diesel, ele diz ainda ser “insuficiente”, considerando que houve sete altas consecutivas nos valores. Dicleu trabalha com o transporte de combustíveis e interrompeu seu roteiro com destino a Campo Grande (MS) em Prudente, às 9h30 da terça-feira. “Era para eu ter chego na tarde do mesmo dia”, conta.

Já o caminhoneiro Paulo Ricardo Ribeiro, 30 anos, que fazia seu percurso de Araraquara (SP) para o Paraná, acredita que o protesto é uma forma de mostrar ao governo a incongruência no aumento dos preços dos combustíveis. “Já estamos com o frete baixo e ainda querem que paguemos mais pelo diesel. Enquanto não acharmos que está certo, não vamos parar com a paralisação”, avalia o motorista, que destaca os impactos do atual cenário para outros segmentos. “O Aeroporto [Internacional] de Brasília está parado por conta da falta de combustível, enquanto a Ceagesp, por exemplo, tem lidado com a falta de mercadorias”, pontua.

O Daesp (Departamento Aeroviário do Estado de São Paulo) informa que, em Prudente, a situação do aeroporto está dentro da normalidade e não há problemas com o abastecimento de combustíveis.

A reportagem também solicitou um posicionamento ao Ministério de Minas e Energia, contudo, a pasta federal informou que aguarda o fim das reuniões sobre o assunto para se manifestar.

Trechos da região que registraram atos em protesto

Local

Km

Município

Sentido

Interdição da via

Quantidade de caminhões

SP-501

16+500

Álvares Machado

Ambos

Não há

15

SP-270

570,7

Presidente Prudente

Ambos

Não há

275

SP-270

620

Presidente Venceslau

Ambos

Não há

50

SP-272

41

Mirante do Paranapanema

Ambos

Não há

15

SP-483

9

Taciba

Ambos

Não há

40

SP-294

574

Osvaldo Cruz

Ambos

Não há

150

SP-294

658

Tupi Paulista

Ambos

Não há

60

SP-563

0

Teodoro Sampaio

Ambos

Não há

40

SP-284

521,5

Rancharia

Ambos

Não há

60

*Dados informados 12h10 de ontem / Fonte: Polícia Militar Rodoviária

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